#PETRUS – CAPÍTULO 52

16/07/2018

Eu tinha 20 anos quando aconteceu pela primeira vez. Eu era jovem, quase inocente e com muita, muita sede de vingança. Eu já havido dormido com todas as secretárias e mulheres do meu pai por diversão, mas nunca, em hipótese nenhuma havia recebido dinheiro para isso.
Eu nunca nem havia pensado nessa possibilidade, na verdade. Quem pensa em ganhar dinheiro transando quando se é milionário? Eu só queria me divertir e com isso, envergonhar meu pai e jogar seu nome na lama.
Um dia voltei para casa á noite depois de uma festa e ao passar pela sala, meu pai estava lá tomando uma bebida com um casal. Ele tinha o hábito de trazer investidores e colaboradores para nossa casa, sempre com o intento de estreitar relações, ganhar confiança e depois dar o bote.
Típico dele.
Passei pela sala tentando ao máximo não chamar atenção, mas eles me viram.
Ele como sempre vestiu a velha máscara de bom pai e me chamou. Me abraçou na frente do casal e me apresentou como seu filho mais novo.
Tentei não reparar no olhar que a mulher me lançava. Me olhava de cima a baixo, me medindo e estudando. Deu um ou dois sorrisos discretos que eu também fingi não ver, mas eu sabia, com toda a certeza que suas roupas sumiriam em segundos com um estralar de dedos meu. Era loira, provavelmente uns 45 anos, muito bem vestida e sexy, muito sexy. Não me chamava a atenção apesar de tudo, por que naquela idade eu queria pegar as meninas mais novas, queria ser o dono da situação. Uma mulher mais velha e casada nunca faria isso por mim. Eu seria um brinquedo na mão dela e eu definitivamente já me cansava o bastante com as mulheres que eu pegava para irritar meu pai.
Despedi-me discretamente e subi para meu quarto, esquecendo por completo aquela história. Mais tarde, porém, ouvi meu pai e Dimitri conversando no quarto ao lado e nessa conversa meu pai dizia que aquele cara tinha a intenção de investir milhões na PrimeStan, então eles deveriam cuidar dele e fazê-lo feliz para que o investimento fosse rápido.
Um sorriso brotou no meu rosto. Eu sabia o que faria.
A mulher dele teria toda a minha atenção.
No dia seguinte, consegui o telefone da casa deles com uma das secretárias da PrimeStan e liguei, tentando controlar o nervosismo. A chamei para um café, tomando sempre o cuidado de ser respeitador e educado á principio.
Não queria assustá-la. Meu plano dependia disso.
Acabei em sua cama naquela mesma noite.
Ao contrário do que pensei, ela não me usou como um brinquedo. Ela a todo tempo queria carinho, e eu ouvi muitas das suas reclamações em minhas visitas ao apartamento que ela tinha alugado somente para nos encontrarmos.
Ouvi como seu marido não a entendia, não a amava e como ele a trocava por trabalho. Eu era o companheiro que o marido deveria ser. Ouvia e fazia meu serviço, esperando o momento certo de destruir as intenções do meu pai.
Certo dia, após mais uma tarde juntos, ela me levou para a garagem do prédio e entregou uma chave na minha mão. Pediu para eu apertar o alarme: para minha surpresa, uma magnifica Porsche vermelha piscou as luzes, e eu olhei sem entender.
- Para você Petrus - ela me beijou, animada - Por tudo o que você tem feito por mim até hoje.
Foi meu primeiro pagamento. Naquele dia eu entendi que eu poderia ter o mundo nas mãos se soubesse aproveitar as oportunidades que eu tinha.
Um tempo mais tarde, dei um jeito do marido dela descobrir o que havia entre nós e que a Porsche na qual eu andava havia saído de seu bolso. Não me desculpei, não neguei e ainda debochei da cara dele, para piorar tudo. Era exatamente o que eu queria.
Ele cancelou os investimentos na PrimeStan e fiz meu pai ter um rombo de milhões na conta.
Com meu corpo e um sorriso de canto, eu derrubei meu pai várias vezes.
Mais vezes do que eu podia contar, até que me cansei. Decidi me afastar e viver minha vida do jeito que eu havia aprendido: trocando sexo por dinheiro, mas com a magnifica vantagem de ter paz.
Hoje em dia, olhando para trás, chego á conclusão de que se eu soubesse que um dia conheceria alguém como a Ane, eu nunca teria feito nada disso. Não teria feito para preservá-la. Eu sei como ela se sente sobre tudo isso, e apesar de ter sido exatamente por isso que nos conhecemos, eu não queria ter um passado tão difícil.
Desde que a conheci, nunca me senti tão vivo. Ela fez com que eu me sentisse estranhamente seguro em seus braços, e parecia que ela via em mim algo que ninguém mais viu. Seria justo complicar a vida dela assim?
A ideia de ser abandonado por ela me atacou. Um dia ela poderia se cansar de brincar com o homem objeto e simplesmente me dar tchau, não poderia ?
Pensar nisso me deixava nervoso.
Inferno, pensar nisso me deixava literalmente apavorado.
[...]
Atravessei a Avenida e entrei na grande loja com portas de vidro. Uma vendedora loira se aproximou com um sorriso praticamente indecente. Eu sabia o que ela estava pensando, e se fossem em outros tempos, eu iria gostar muito.
- Boa Tarde, em que posso ajudar? - ela levanta a sobrancelha e passa a língua delicadamente pelos lábios, inconscientemente.
Eu rio por dentro. Tão típico.
Depois eu ainda me pergunto por que me apaixonei pela Ane. Exatamente por ela nunca ter feito coisas desse tipo.
- Sim, por favor. Eu vim comprar um presente para minha mulher.
Sorriso morrendo em 3...2..
- Claro, me acompanhe por favor. Você tinha pensado em algo especifico?
- Quero um conjunto para ela usar em uma festa. Brincos, pulseira, colar e anel. Quero algo discreto, ela não é de chamar muita atenção.
- Me desculpe a indiscrição, mas se ela for chegar com você na festa, ela não precisa de mais nada que chame mesmo a atenção.
Eu rio alto. Eu nunca me cansava disso.
- Humm, obrigado pelo elogio, eu acho. - coloco as mãos nos bolsos e a sigo até a vitrine.
Opto por um conjunto de ouro, com algumas pedrinhas pequenas de diamante. Tudo muito simples e pequeno. Eu sabia que Ane não gostava de nada que atraísse a atenção pra ela. Por mais que ela achasse que era só um hábito, eu sabia que ela não precisava de nada que brilhasse muito por que ela própria tinha brilho o suficiente.

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