#BRUTO - CAPÍTULO 25 - ESCURIDÃO

13/03/2018

Carolina Oliveira
Perto do meio dia, enquanto estávamos deitados na rede, ouvi uma buzina estridente a toques curtos, ergui a cabeça para ver de onde vinha o som, Henrique aproveitara meu movimento para mordiscar meu ombro.- Quieto, eu ainda estou dolorida da noite anterior - reclamo, mas meu corpo se atiça com sua barba roçando contra minha pele.Reconheço o carro que Matt alugara vindo em baixa velocidade, deixando um rastro de poeira pelo caminho.- Posso usar esse corpo de outro jeito - ele provoca e desliza a mão para dentro de minha coxa, seu aperto é firme e faz meu corpo reagir, ele roça os dedos na minha virilha. - Você não cansa, não? - Lanço um olhar severo.- Não. - Sua resposta é descarada.Matt estaciona em frente ao chalé.Eu estou acomodada em seu peito, e Bruto balança a rede com a perna que está pra fora. O embalo é gostoso, e a sensação de estar aninhada em seu corpo musculoso é melhor ainda.- O Matt é meu melhor amigo, então nada de ativar seu modo ogro cavalão, ouviu?Bruto acaricia meu ombro e um arrepio de excitação sobe pela minha espinha.- Desde que ele não fique se esfregando ... e nada de trazer aqueles putos para ficar dançando para você.Eu rio de seu ciúme e belisco um dos gominhos de seu abdômen. Que tanquinho era aquele? Santa calcinha molhada... Eu poderia passar o dia admirando os músculos de seu corpo esculpidos pelo trabalho duro.- Sério, peão. Não. Seja. Bruto!- Tudo bem. Vou tratar ele como uma dama. - Ele ri e debocha.- Mas aí ele se apaixona. - Henrique fecha a cara e apenas eu dou risada.- Estão todos de roupa? - Matt pergunta em voz alta, anunciando sua chegada.Eu levanto da rede e percebo que ele está acompanhado por dona Isaura. Pela expressão dela, o linguarudo do Matt já devia ter contado que eu e Rico não somos irmãos.- Bem-vinda de volta. - Ela me abraça e aperta meu corpo. - Não tem comida de onde você veio?- Ela me aperta mais um pouco. - Parece você perdeu peso. - Ela analisa, estreitando o olhar.Eu sorrio de orelha a orelha, o quê? Não é sempre que me dizem que emagreci, que mulher não gosta de ouvir isso? E, apesar de ter comido uma tonelada de fast food, eu vomitava tudo, aquilo poderia ser sinal de intoxicação alimentar ou... não, eu não ia pensar nisso,ainda não.- Vou preparar um almoço reforçado. Homens não gostam de mulheres muito magras. Tem que ter onde pegar. - A última frase ela cochicha como se me contasse o segredo do século.Bruto dá um tapa estalado em minha bunda, sinto um ardor bem no local. Se dona Isaura não estivesse ali, eu o chutaria na hora.- Disso eu não posso reclamar. - Henrique sorri com cara de safado.Maldito! Parecia que ele ainda se divertia em me irritar.Filho da mãe, gostoso! Ela me solta de seu abraço e vai para dentro.Matt a segue.- É... ainda mais agora que ela está comendo por... - Eu belisco seu braço com força.- Aiiiii - reclama franzindo o cenho e esfregando o braço.- Cale a boca - cochicho. - Agora venha aqui e segure sua língua enorme dentro da boca.Bruto sai da rede e fica de pé. Eu fico entre os dois homens enormes.- Henrique, Matt é meu melhor amigo. - Olho para Luís. - Quero que vocês se deem bem e não fiquem saindo no soco. Será que podem fazer isso por mim?Eu olho para os dois, e me arrependo de não ter colocado um salto mais alto, eu estava quase desaparecendo ali no meio deles.Matt estende a mão, e Bruto a aperta em um cumprimento. Sem dizer nada, eles desfazem o aperto.- Vou ajudar a dona Isaura na cozinha - Matt fala para mim.- Avisa a ela para fazer ensopado de língua e um mondongo caprichado em homenagem a potranca.Matt não entende a piada.- Não ouse, ou eu mesma vou preparar sua sobremesa.*A mãe de Bruto cortava batatas e Matt lavava tomates e cenouras colhidas da horta. Eu estava sentada, observando como eles se davam bem. Não tinha como não amar Luís, ele era um doce de pessoa e cozinhava que era uma beleza.Henrique não estava ali, saíra com Silas para ajudar no parto de uma égua. Nem em sonho eu iria junto com ele, ver uma égua parindo, só se eu fosse louca.Enquanto ouvia os dois conversarem como velhos amigos, eu digitava um e-mail para meu chefe, explicando que passaria a trabalhar à distância e iria para São Paulo apenas quando houvesse alguma audiência.Se Bruto pensava que eu iria largar meu trabalho para ficar lavando e limpando, ele estava redondamente enganado.Larguei o celular sobre a mesa.- Como é mesmo que você sabia onde estava a dona Isaura? - indago, olhando para minhas unhas sem esmalte, credo. Eu precisava de uma manicure urgente!- Ontem à noite. Lembra? Quando eu trouxe você. - ele explica. - Depois que você entrou, só ouvi gritos, em seguida, saiu uma menina pelada, aos prantos.Arhggg... Só de lembrar de Zira nua dormindo bem agarrada ao Bruto o ódio voltava.- Saí do carro e dei meu blazer para ela se cobrir. Quando se acalmou, me contou onde era sua casa.Ou você queria que eu ficasse esperando os pombinhos a noite inteira.Fico quieta e um sorriso se ergue em meu rosto quando lembro de nossa reconciliação na noite anterior.Suspiro...- Hum...- Dona Isaura, a senhora sabe que o Rico vai participar de um rodeio?Ela larga a faca sobre o balcão e parece aborrecida.- Ah, nem me fale disso. Já disse para esse jumento teimoso não se arriscar tanto. Mas o Rico não ouve ninguém.Arriscar?- Como assim? É perigoso?- Claro! - diz indignada. - É um touro mais furioso que o outro. Não posso nem pensar que esse inferno de torneio já é semana que vem.Pego o celular na mão, abro o aplicativo do Youtube e digito: torneio touro rodeio.As palavras chaves abrem uma listagem de vídeos. Deixo o som no mínimo. Com o indicador, seleciono o primeiro vídeo, é uma compilação de várias cenas, e o pior, todas elas terminam da mesma maneira, o touro enfurecido pisoteando o peão inconsciente no chão.Não consigo terminar de assistir, as imagens são pesadas demais e fazem meu estômago revirar. Não posso deixar que ele faça isso.- O bonita, pode vir ajudar aqui? - Matt me chama e inclina a cabeça fazendo sinal para que eu lave a louça que se acumula na pia enquanto eles cozinham.Me limito a mostrar o dedo do meio a ele. Eu detestava trabalhos domésticos, tinha uma empregada muito bem paga para isso.*O almoço foi tranquilo e farto, legumes refogados com ervas finas, carne assada, arroz campeiro. Comi até mal conseguir respirar. Tirando a língua e o mondongo, até que Dona Isaura sabe cozinhar bem.Pouco mais de uma hora depois do almoço, Henrique levantou do sofá e me roubou um beijo.- Vou treinar um pouco.Matt observava a cena em silêncio, Isaura passava um café na cozinha, já podia sentir o cheiro.- Para? - pergunto curiosa.- O torneio. - Fecho a cara. Não, ele não seria pisoteado por um touro. Eu não deixaria isso acontecer.- Ah, não. Treina outro dia, por favor - peço, fazendo um beicinho.Ele me beija de novo.- Vão para o quarto - Matt debocha.- Minha mãe já botou minhocas na sua cabeça - responde contrariado. - Eu vou fazer isso, potranca.Vocês querendo ou não.Reviro os olhos.Como a teimosia desse peão me irrita!- Então, nós vamos assistir você treinar, não vou passar o dia enfurnada em casa.- Não vão, não - retruca. Eu me levanto também e deslizo o dedo por seu peito e o encaro.- Isso não foi uma pergunta, cowboy. Nós vamos e ponto final. **Droga!Eu achei que se assistisse ao treino seria capaz de me acalmar, mas não. Henrique estava eufórico e sorria como uma criança prestes a ganhar um brinquedo novo.Silas o ajudou a colocar o colete por cima da camisa xadrez.Colete?Por acaso o touro vai armado?Piada idiota, eu estava tensa e nervosa e queria distrair a mente. Viu?! Quem mandou assistir ao vídeo do Youtube, agora só consigo imaginar Henrique sendo pisoteado por um animal com chifres pontudos assustadores que deve pesar mais de uma tonelada.- Olha, ele está prestes a montar. - Matt está tão excitado quanto Bruto.Qual o problema desses homens? O perigo de morrer não é legal! Suspiro pesadamente.Estamos atrás de um cercado de madeira feito de grossas toras, outros peões já estão a postos caso precisem ajudar Rico. Por deus, que eles não precisem ser acionados, pois significaria o pior.- Pronto, Rico?! - Silas grita.Henrique está pendurado na cerca e desliza para cima do touro. Meu coração se aperta no peito.Não posso ver isso.Ouço o portão de madeira ser arrastado para o lado. O touro sai de sua espécie de cela, pulando furioso, tentando derrubar meu Bruto de qualquer forma.Eu o amaldiçoo por não se segurar com as duas mãos.Ah, maldito teimoso!- Não posso ver isso! - Cubro os olhos.O tempo parece interminável e eu mal respiro.Ouço o grito de Rico.Ele comemora. O espio por uma fresta entre os dedos, ele já está fora da fera.- Oito segundos! - Silas berra com um cronometro na mão.Só oito? Para mim, pareceu uma eternidade!Como o corpo tenso, sinto Matt me envolver em um abraço.- Calma, Carolzinha. Seu cowboy parece muito bom no que faz. - Ele me consola e beija o topo deminha cabeça. - Acho que preciso de um desses para mim.Bruto se aproxima e se pendura na cerca, ele fecha a cara quando vê Matt me abraçando.- Você não viu? - A irritação era visível, ele estava ofegante e suado. Solto-me dos braços de Matt e chego mais perto de Rico, tiro seu chapéu e o coloco em mim.- Vi. Mas preferia não ter visto - reclamo. - Se aquele bicho pisotear você, ele a mata, sabia?Ele sorri e me dá um beijo rápido.- É aí que está a graça, potranca. Adoro um desafio. - Ele pega o chapéu de volta e pula para o nosso lado.Matt ri e eu o fuzilo com o olhar.Homens... São todos iguais.*Quando voltamos para o chalé, Matt ficou do lado de fora onde o sinal era melhor, fiquei curiosa para saber com quem ele estava falando. Fui para a cozinha atrás de Henrique, gastando minha saliva e argumentos tentando convencê-lo a não seguir com aquela loucura.Dona Isaura bate um bolo em uma tigela de madeira.- Rico, preciso de mais leite - ela nos interrompe. - Estou fazendo um bolo para tomarmos o café da tarde.Ele abre a geladeira, pega uma garrafa de água gelada e bebe direto do gargalo. Seus músculos ainda brilhando pelo suor, ele usa apenas jeans e camiseta.Lindo.Rico assente e segue para o celeiro. Lógico que eu vou atrás, tentando usar todo meu poder de convencimento, mas o filho da mãe parece imune a qualquer argumento racional e lógico.Ele ata as patas da vaca e senta em um banquinho de madeira. Posiciona um balde debaixo do ubre da vaca.- Por deus! Você tem que raciocinar. Você vai arriscar ficar longe de mim por uma besteira dessas. -Ok, o drama é meu último recurso, quer dizer, penúltimo, o último é o sexo.- Shiuuuu. - Ele sinaliza pedindo para que eu fique quieta. - A mimosa não pode ficar nervosa na hora da ordenha. - Bufo irritada. Ele começa a ordenhar a vaca, e eu me calo. - Pode levar o balde enquanto eu desato e a coloco em sua baia? - Reviro os olhos echego mais perto.Quando me inclino para pegar o balde pela alça com a ponta dos dedos, é claro, Bruto mira o bico da teta da vaca e espirra leite direto em meu rosto.- Desgraçado! - xingo e o estapeio. - Leve você mesmo! E tome um banho antes de deitar na minha cama.Saio pisando duro, decidida a dormir a tarde toda e acordar apenas na hora de segui-lo. Essa noite eu dormiria sem jantar, já que no almoço eu comi como um elefante.*Era onze da noite quando Bruto veio pra cama, depois do banho, ele deitou ao meu lado. Eu podia sentir o frescor de seu corpo. Virei de bunda para ele e mantive meus olhos fechados, eu tinha que mostrar que ainda estava brava.Pude ouvi-lo sorrir. Ele se aproximou e cheirou minha nuca, o nariz esfregando em minha pele, cheirando meus cabelos. Sua mão me puxava para ficar encaixada em seu corpo.Não, não faríamos nada, eu ainda estava furiosa com ele por causa daquela tarde, eu preocupada que ele fosse morrer, e ele espirrando leite na minha cara?!Tentei me concentrar em não sentir prazer com as carícias que se iniciaram pela curva do meu quadril.Não vou me mexer. Não vou. Estou dormindo!Bruto começa a acariciar meu sexo. Sinto minha umidade molhar a calcinha.Maldito.Ele mordisca meu pescoço e seu pau duro cutuca minha bunda.Não vou reagir.Preciso de mais forças.Ai, meu pai do céu... Assim fica difícil... Os dedos de Rico agora brincam com meu clitóris, os movimentos circulares, a pressão exata, e o prazer, ele me faz gozar apenas com uma mão. Engulo umgemido.Retiro sua mão de dentro de minha calcinha e chupo seu dedo molhado por minha excitação. Ele geme. Interrompo a chupada e me viro para ele. Apesar de a única luz noturna ser a que vem pela janela, eu vejo seus músculos perfeitos.- Se quiser brincar com esse corpo de novo, você já sabe o que fazer. - Bruto bufa e olha para sua ereção, o ouço resmungar. Naquela noite, apenas um de nós dormiu satisfeito, eu.Horas mais tarde, ouço ele se mexer na cama.Meu coração acelera. Agora é a hora. Ele se levanta. Continuo fingindo dormir. Posso ouvir ele colocando a roupa. Quando ele sai do quarto, aguardo sem me movimentar até que o chão da sala range. Ele está saindo.Tenho que ser rápida. Enfio uma sapatilha nos pés, não posso usar salto ou corro o risco de ser pega, ando de scarpin desde meus quinze anos, mas eu já havia percebido que a fazenda não era lugar para salto agulha.Pego meu celular debaixo do travesseiro, ele serve de lanterna para que eu possa segui-lo em meio a escuridão.Espio o quarto onde Zira dormia, Matt está deitado em seu lugar. Inspiro fundo e abro a porta dafrente com cuidado. Henrique já está a uma certa distância, posso ver apenas o ponto de luz se movendo para dentro da mata fechada.Coragem, Carolina.É hoje.Eu caminho a passos rápidos, tentando acompanhar os seus. Após meia hora caminhando, Henrique entra em um galpão coberto pelo mato. Outro celeiro? Ele olha para trás. Escondo-me atrás de umaárvore, e nem respiro. Solto o ar dos pulmões. Ele não me vê.Mesmo que eu quisesse, agora era tarde, eu não poderia voltar para casa, eu estava perdida e, já que eu tinha vindo tão longe, eu precisava saber.Mordo o lábio, piso pé por pé até chegar na porta do galpão. Uma corrente pende ali e na ponta, um grande cadeado aberto.O que você está escondendo aí dentro? Desligo a lanterna e espio por uma fresta entreaberta da porta.Meu coração para.Um arrepio desagradável espalha-se por meu corpo, eu sabia o que era aquilo, era o nosso fim...
CONTINUA...
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