#EPÍLOGO

Já são cinco da tarde e eu ainda estou preso na Lubresol. Manu já foi para casa, pois os gêmeos estavam deixando as avós malucas.

Alex e Bia acabaram de completar três anos e foram os meus maiores presentes.

Assim que nos casamos, há cinco anos, decidimos que iríamos adotar dois bebês. Foram anos de espera até que liberaram nosso cadastro e podemos então, ser chamados de pais.

Os pegamos ainda recém nascidos e foi à alegria de todos. Nossa família finalmente havia ficado completa.

Termino de responder alguns e-mails e desligo o computador. Estou morrendo de saudades deles.

Despeço-me da Luísa, minha fiel escudeira e sigo para casa. No rádio agora só músicas infantis, as quais acabei decorando.

No caminho passo na floricultura e compro um buquê de girassóis para minha maluquinha.

Descobri antes do nosso casamento que essas eram suas flores favoritas. Por falar nisso, ela estava tão linda quando nos casamos. Parecia uma princesa em seu vestido de noiva rosa. Josias entrou de andador com ela e foi uma cena a qual me emociono sempre que me recordo. Sim, casar e ser pai me deixou um molenga.

Dei aos pais da Manu a minha antiga casa amarela. Eu queria dar a eles uma casa melhor, mas Josias foi categórico em não aceitar e se deu por satisfeito em cuidar também do tomate atômico, assim Lourdes poderia leválo para suas consultas, que agora são no melhor convênio da cidade.

Chego em casa, que agora não é mais o apartamento e sim uma grande casa com área verde, e sou recebido por Ted, nosso cachorrinho de estimação.

- Meu papai xego! - Bia grita e corre sendo acompanhada pelo irmão.

- É meu papai! - Alex fala chegando a mim primeiro do que a irmã.

- O papai é dos dois - falo os pegando no colo com dificuldade, pois estou com o girassol na mão.

- O papai é só da mamãe. - Manu se aproxima e pega a flor. - Demorou, vida.

- Tive que finalizar algumas negociações para abrirmos a filial em Santa Catarina. Acredito que até fim do mês fica tudo certo.

- Eu irei com você. Estou precisando de um replay da nossa lua de mel. - Me provoca.

- Crianças vêm papa - Marli chama os pimpolhos.

- Cadê nossas mães? - pergunto.

- Acabaram de irem embora, mas até à hora de irmos dormir, elas vão ligar umas dez vezes cada uma - ironiza.

- Você é uma mãe tão bonita...

- Bernardo, as crianças estão no seu colo ainda. - Me lembra. - Vou levar elas para comerem. Marli fica uma fera se atrasa o horário deles encherem a pança.

Desço as crianças e roubo um selinho da minha maluquinha.

Vou tomar um banho antes de jantar, o dia foi muito produtivo, porém exaustivo.

Minha mãe, com a chegada dos gêmeos, tem deixado muito o cargo da vice-presidência a mercê. Agora vejo o que senhor Júlio passou comigo quando eu achava que ele não fazia nada.

Meu pai sumiu do mapa. Faz anos que não temos notícias dele. Após tirarmos ele da BioFort, ele foi viajar para descansar e por a cabeça em ordem e nunca mais voltou.

Do Lúcio também não tive mais notícias. Só sei que ele está preso por estelionato, extorsão, falsidade ideológica e tentativa de suborno. Na verdade, Lúcio não era nem o nome dele, seu nome verdadeiro é Jessé da Cruz. Era foragido da polícia no estado de Mato Grosso. No dia em que prestou depoimento, acabou ficando por lá mesmo.

Alícia e Rebecca estão trabalhando muito bem na Lubresol. Alícia até conseguiu um namorado, um renomado médico, que na verdade era o grande amor da sua vida. Becca ainda está solteira e diz que quer permanecer assim.

Saio da água e me dou conta de que estou sendo observado por lindos olhos claros.

- Tá pensativo. - Observa.

- Estou pensando no quanto sou sortudo. Tenho uma esposa linda, filhos maravilhosos e uma família completa.

- Essas gotas de água em seu corpo te deixam muito sexy senhor Bernardo.

- É incrível isso. Você não prestou atenção em nada do que falei, não é?

- Como vou prestar atenção em algo, tendo você nu na minha frente?

- Se defende.

- Tem alguma sugestão para que eu faça você prestar atenção no que falo?

- Várias, e a primeira delas é você falar bem pertinho do meu ouvido.

- Assim? - pergunto sussurrando e mordendo o lóbulo de sua orelha.

- Isso. Assim te ouço perfeitamente...

- Não me tente, Emanuelle Salles, ou terminaremos naquela cama - ameaço.- Este era o plano desde o inicio, Bernardo Salles...

- Que safadinha essa minha mulher...

- Só sua safadinha.

Levo-a para a cama e dou a ela o que deseja. Amor, carinho e sexo selvagem.

Não existe um dia sequer que eu não agradeça ao destino por ter colocado uma maluca sem papas na língua em minha vida. Descobri com ela que fazer amor é muito melhor do que simplesmente fazer sexo. E que se tratando de sentimentos não há razão para escondê-los, pois quando algo é verdadeiro não há motivos para ser secreto.

Fim.