#BRUTO-CAPÍTULO 13 - Em nome do FOGO
07/03/2018
Carolina BrandãoEu era a fúria em pessoa depois daquele banho frio, porém engoli minha raiva e a alimentei a cada dia que passava, ignorei por dias, tive que fazer um esforço sobre -humano para não ceder à minha revolta. O golpe de mestre foi aprender a cavalgar, assim eu teria liberdade de ir e vir por toda a fazenda. Depender de carona e ficar mendigando para ser carregada não fazia o meu estilo. Isso também serviu para que ele ficasse mais tranquilo e parasse de esperar o meu contra-ataque. Eu queria tocar no ego do cowboy machão e pisoteá-lo como uma formiguinha, e quando soube da visita do fiscal, uma ideia maléfica estalou em minha mente como um clique na escuridão. No sábado, levantei antes dele, e essa parte foi amais difícil, Henrique tinha uma rotina estranha, ele dormia sempre no mesmo horário, meia noite, com exceção de sexta e sábado, em que ficava no rufião até quase o amanhecer. Porém, nos outros dias da semana, as três da madrugada ele levantava da cama sem fazer barulho, vestia a roupa e o chapéu que deixava em uma cadeira de madeira no canto do quarto e calçava as botas. Onde esse peão ia durante a madrugada era uma incógnita para mim. Pontual como um relógio, ele voltava. Quando eu ouvia o ranger no piso da sala, sabia que ele havia chegado. Henrique vinha até o quarto, se despia completamente e voltava a dormir. Nu. Eu não havia me acostumado ao fato dele querer me provocar usando o próprio corpo, aquilo era tão irritante. Na verdade, eu detestava absolutamente tudo nele. Um dia, quando Silas encilhava Bruto para mim, aproveitei enquanto Henrique instruia outros empregados da fazenda e continuei minha sondagem, arquitetando minha vingança e tentando satisfazer minha curiosidade.- Silas, tem alguma tarefa aqui na fazenda que vocês executem de madrugada? Pelas três da manhã? -Ele franze a sobrancelha, e eu quase posso ouvir seus poucos neurônios trabalhando rápido para responder.- Não, senhora. Nosso trabalho começa quando o galo canta junto com o nascer do sol.- Tá, tá, tá - eu o interrompo quando o Brucutu chega perto e belisca meu traseiro.- Menos conversa e mais trabalho.Eu quero esganá-lo ali mesmo, mas me limito a dar uma cotovelada em sua barriga.Se é que aquela pilha de músculos pode ser chamada de barriga, o nome apropriado é tanquinho. Era um desperdício um homem como aquele sertão ignorante e ogro.O quê? Eu não acreditava no meu último pensamento, todo esse mato estava mexendo com a minha cabeça!Balancei a cabeça tentando afastar aquelepensamento e voltei a racionar, se o Silas diz que não tem trabalho nenhum nesse horário, então Henrique sai sozinho para fazer sabe-se lá o que, ou o peão Silas está mentindo. Estreito os olhos na direção do peão. Não, se fosse a segunda possibilidade, eu saberia, aquela era uma das vantagens em ser advogada, eu sabia exatamente quando alguém estava mentindo.*Enfim, era sexta, e assim como na noite de sexta passada, ele estava deitado na rede irritantemente quieto, apenas me observando enquanto eu lia "Peça-me o que quiser".-Você vai ficar aí me olhando? - resmungo sentindo o sangue aquecer. - Por que não vai para o Rufião? Sem você, as vadias devem estar sentindo- se desoladas.Um sorrisinho sarcástico se ergue no canto de seus lábios.- Sobre o que é esse livro? - ele pergunta curioso.Sinto o rosto esquentar.- Não interessa e, até onde eu sei, provavelmente você nem sabe ler.Ele pula da rede e chega no sofá com uma velocidade impressionante.Bruto idiota!Ele arranca o livro de minha mão e quase amassa a capa. Isso já é motivo para que eu surte, eu cuidava muito bem da minha coleção de bebês, eu quase não o sabria para que não formassem ranhuras na capa.Agora o brucutu em todo seu um metro e noventa balançava o livro no alto, achando graça o fato de eu não ser alta o suficiente- Devolve, seu ogro - rosno. - Aí não tem figurinha, muito menos foto de mulher pelada.Fico na ponta dos pés e tento pegá-lo. Bufo! Que homem insuportável.- Depois da briga que eu entrei por sua causa, eu não posso mais colocar os pés no rufião por um bom tempo. O mínimo que você poderia fazer é me deixar ler isso aqui. - O sorriso sacana do filho da mãe se alarga um pouco mais. - Ou me dar algum outro tipo de consolo. Resmungo entredentes e subo no sofá para pegar meu livro de volta. Como eu sou idiota por me deixar afetar por esse cavalão. Henrique põe o livro para trás das costas e, coma outra mão, envolve minha cintura com seu braço forte. Emudeço diante de sua ousadia.- Viu? - Ele inspira em meio aos meus seios, que estão bem na altura de seu rosto e esfrega o nariz na minha blusa. Meu sangue ferve nas veias!- Me solta, seu nojento. - Desisto de pegar meu livro e meu objetivo passa a ser feri-lo!Agarro seus cabelos com as duas mãos e o puxo com força, afastando-o. Seus cabelos entre meus de dos são incrivelmente macios, mas eu não quero senti-los, eu quero é arrancar cada fio daquela maldita cabeça! Ele emite um som extremamente sexy, um rosnado Bruto que ecoa por meu corpo inteiro.Eu quero irritá-lo e machucá-lo, e não deixar o bastardo excitado. Porém, o volume de suas calças diz que estou falhando miseravelmente, ele está duro como pedra.- Ahstaaa, potranca braba! - ele me provoca! Deus, como eu odeio quando ele faz esse som para mim, o mesmo que usa para os animais rebeldes.Fecho os punhos e o soco seu peito inúmeras vezes.- Já. - Soco. - Falei. - Soco. - Que. -Soco. -Eu. - Soco. - Não. - Soco. - Sou. - Soco.- Uma. - Soco. - Égua.Ele ri da minha fúria, odeio ser uma mulher tão fraca! Meus socos não fazem nem cócegas no desgraçado.Henrique abocanha minha boca e sua língua me invade em um beijo furioso.Eu o mordo! Rá. Ele me joga no sofá e rosna, colocando a mão no lábio cortado.- Diz que não é égua, mas coiceia e morde como uma! - ele me xinga e sai pisando duro para fora do chalé! Mesmo sozinha, eu grito alto.- Eu odeio você, Henrique Brandão!Ele não responde de volta. Tanto faz, eu o odeio mesmo assim!Pego meu livro do chão.- Ahhhhhhhhhhhh, seu ogro! - reclamo quando recolho o livro e vejo enorme a orelha formada na capa. Vou para a cama e escondo o livro debaixo dotravesseiro. Resolvo não mexer no esconderijo onde guardo minhas coisas, o filho da mãe poderia estar espiando por alguma fresta daquele chalé velho.Me reviro na cama de um lado para o outro tentando achar uma posição confortável. Meus lábios ainda formigavam com a intensidade daquele beijo roubado. Viro na cama e lembro da maneira como ele esfregou-se em meus seios.-Abusado! - resmungo baixinho.Que lugar infernal, por que as noites tem que sertão quentes?!Esse peãozinho deve estar acostumado a estalar os dedos e uma fila de bocetas se formar diante dele para ele comer à vontade.Desgraçado! - Meu indicador desliza pelo lábio inferior ainda inchado.Seu beijo tinha gosto de... Enfio o travesseiro na cabeça e mudo de posição mais uma vez. Não tinha gosto de nada, Carolina. Aperto os olhos e bufo.A palavra perfeita para a descrição da boca do peão é SELVAGEM!Sorrio pensando que amanhã será o dia da vingança e ela seria doce e cor de rosa, como um lindo algodão doce.*Naquele sábado, eu fiz um esforço sobre natural para acordar cedo. Vesti uma roupa confortável para poder cavalgar, uma legging preta e uma regata de algodão branca. Guardei dois cartões de crédito dentro de meus tênis e os calcei. Deus, como eu detestava aquilo. Talvez hoje eu aproveitasse o dia na cidade para encontrar uma bota própria para montaria. Uma onda de excitação espalhou-se por meu corpo, compras, adoro!Sem fazer muito barulho, eu fui até o celeiro, iluminando meu caminho com a luz da lanterna do celular. O peito batendo acelerado no peito e o medo de ser pega faziam meu coração ir a mil. Voltei com uma mochila, a qual chameimentalmente de bolsa da vingança, ela era estilo militar, e a mistura dos verdes era própria para passar desapercebido, já que eu a deixaria no mato, a uma distância segura do peão curioso. Entrei cantarolando em casa, em uma felicidade que quase não cabia dentro de mim.- Aonde você foi? - ele rosna com uma cara de poucos amigos e um mau humor logo me contagia. Vai sonhando, peão, se acha que vai ficar me fiscalizando.- Não te interessa! - retruco. Passo pela sala com o nariz empinado e, nocaminho para o quarto, o ouço reclamar irritado. - Aqui temos muitos animais selvagens, doutora, mandei alguns peões atrás de você pela fazenda achando que já tinha até batido as botas devorada por uma surucucu.Devorada, eu? Bem que você queria, não é, seu Brucutu? Penso, mas não falo. Paro na porta do quarto que dividimos e tento controlar a irritação que ele desabrocha em mim.- Não que seja da sua conta, mas eu fui passar o dia com o meu namorado. E foi bom demais. - Minto. Ouço ele estalar os dedos, não preciso nem olhar para saber que o peão deve estar apertando os punhos com força. Rio comigo mesma.Ah, peão, vou mudar seu mundo, deixá-lo bem mais colorido!Tento conter uma risadinha e sigo para o banheiro. Fico nua e crio coragem para entrar na água gelada.EU. ODEIO. BANHO. FRIO!Não interessa se faz um calor de 25° ou de 50°, eu gosto de relaxar com uma água morninha e, no inverno, com água escaldante.Entro debaixo da ducha fria e minha pele se arrepia. Não vou dar o gostinho ao maldito e minto.- Ai, que delícia de água.*Nem dormi naquela noite tamanha a minha excitação. Levantei pouco antes das cinco da manhã, sem fazer barulho, caminhei nas pontas dos pés até a moita onde eu havia escondido a mochila.Na cozinha, deixei panelões enormes de água a ferver. Voltei no quarto e recolhi as roupas sobre a cadeira e as que estavam na cômoda. Enfiei tudo nas panelas e despejei tubos de corante rosa pink. Rosa periguete ou rosa chiclete, aquela tonalidade ficaria linda no peão. Tive que repetir o processo umas três vezes até conseguir tingir tudo de rosa neon. Remexi na mochila e apanhei um tubo de cola e pequenos frascos de purpurina dourada e concentrei minhas habilidades em decorar o chapéu do cowboy! Com a ponta dos dedos, coloquei o chapéu de volta no lugar. Ficou ótimo! Eu estendi tudo bem na frente do chalé, assim que ele aparecesse na porta da frente, veria suas roupas de macho ogro bem pintadinhas de rosa. Enfiei a alça da mochila no ombro e fui para o celeiro. Com um spray rosa, pichei pelas paredes.HENRICA!Aquele era um belo apelido e talvez eu passasse a chamá-lo assim depois desse dia. Com uma tesoura, tosei as crinas dos cavalos, deixando bem curtinhas, eu sabia como ele amava aqueles bichos, então comecei por sua égua predileta, Moa. Quando eu estava comprando as tintas, me certifiquei de que não fossem tóxicas, afinal de contas eu não era nenhuma Cruela Devil! Eu só queria dar o troco no peão, e não torturar os animais, eles não tinham culpado dono que tinham. Um tufão cor de rosa parecia ter passado por ali, eu tirei algumas fotos e enviei para Matt, também tirei uma foto de Henrique nu.Não que eu quisesse ter uma recordação ou algo do tipo, era só porque o Matt havia pedido uma foto do dote do brucutu. O galo cantou e eu armei uma corrida até o enorme pé de manga em frente ao chalé.- Carolinaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!- O urro do ogro foi impagável, valeu cada hora de sono que perdi, valeu cada minuto sentada naquele sereno.Ah... como eu queria ter uma porção de mini câmeras escondidas naquela casa, gravando cada expressão de furiosa do cavalão.- Vem aqui na rua, peão! - eu gritei quase sem ar de tanto rir.Segundos depois, o brucutu apareceu nu na soleira da porta, as mãos cobrindo seu sexo.Eu já estava com cólicas de tanto rir.- Gostou? - Eu provoco enquanto enxugo aslágrimas que escorrem por minhas bochechas por causado ataque de risos. - Acho que a cor combina com seu solhos.Graças a minha esperteza, estou trepada no alto da arvore, e ele não ousará subir nu para aplicar o meu castigo.- Uma hora ou outra você vai ter que descer daí de cima, e eu vou estar esperando, potranca.Balancei as mãos fingindo estar tremendo e o ataque de riso começou de novo.- Ah, brucutu... por que você não vai até o celeiro ver a decoração que eu fiz para você com todo amor e carinho... Ele foi em direção ao celeiro e meus olhos observaram os músculos de seu bumbum.O celular vibrou dentro de meu sutiã. Sim, foi o único lugar que eu pude colocá-lo para conseguir subir em uma árvore com essa altura. Eu ainda vestia a camisola de cetim por cima de uma cara lingerie da Victoria's Secret. Matt começou a me bombardear com mensagens logo depois que recebeu as fotos de minha proeza. Escoro as costas em um galho e começo a digitara resposta.Eu: Eu sou uma diva do mal.Matt: Isso não é novidade para mim. Quero detalhes.Ouço um estalar seco, seguido de um "craaaaack". O galho em que estou confortavelmente sentada e segura se parte e eu vou ao chão na velocidade da luz ou, pelo menos, quase isso.- Nãaaaaaoooooo! - Eu tento me agarrar enquanto caio. Minhas coxas ficam presas por entre os galhos.- Não, não, não.De cabeça para baixo e seminua, a camisola desliza sobre minha cabeça e cobre meu rosto, meus braços pendem caídos. Tenho medo de fazer qualquer movimento errado e acabar caindo de cabeça, afinal estou a quase dois metros de altura do chão.Pô, Deus, estava indo tão bem. Alguém lá de cima deve me odiar. A risada de Henrique é sonora e triunfante.Maldito!Ele assiste ao ápice da minha vingança se virando contra mim.- Eu odeio você.Ele puxa minha camisola para baixo, me deixando apenas de calcinha e sutiã.- Eu odeio mais! - O sorriso sarcástico em seu rosto me dá raiva.CONTINUA...DEIXE SEU COMENTÁRIO ...


