#Capítulo 14- Janaína

16/04/2018

Eu não acredito que a megera à minha frente ainda está parada com o talão aberto, a folha de cheque em branco e a ponta fina da caneta tocando o papel.
- O que a senhora está pensando que eu sou? - Minha voz treme de raiva e tento manter o controle para não fazer ou falar bobagem.
- Sei que não é a primeira nem a última secretária com a qual terei que lidar e afastar de meus filhos. Eles são assim mesmo, cativantes por natureza. - Samanta dá um suspiro sem paciência e arqueia apenas uma
sobrancelha em desdém.
- Pois é, o senhor Assunção é que deve carregar o gene da gentileza da família. - Retruco, sentido a raiva se acumular dentro do peito.
- A combinação dinheiro e beleza os torna irresistíveis, eu sei.
Adônis sabe lidar com isso melhor, mas Dimitri... - Ela volta a falar ignorando minha alfinetada. Ela pausa escolhendo, as palavras. - ... digamos que Dimitri seja... complicado... ele não pode se envolver em um relacionamento.
- Como assim? Não estou entendendo onde a senhora está querendo chegar. - Replico, tirando o pano de prato do ombro e torcendo-o entre meus dedos, imaginando que estou apertando o pescoço da "Cruella".
- Você acha mesmo que isso vai dar certo? Olhe para você, e olhe para o meu filho. A diferença entre ambos é gritante. Me diz, o que uma mulher como você tem a oferecer para ele? - Ah, meu pai! Dá-me um saco de paciência do tamanho da arrogância dessa mulher, ou eu vou pular no pescoço dela! - Vamos encurtar essa cena de donzela ofendida com princípios e vamos ser objetivas. Me dê um número que colocará fim nesse...
casinho de vocês.
Ah, mas é agora que vou fazer essa bruxa engolir esse talão, incluindo a caneta, megera infernal!
- Quinhentos mil está bom para você? É dinheiro suficiente para você sumir da vida de ambos. Para quem não tem dinheiro nem para alugar um apartamento, acho que isso deve bastar. - Ela me olha e sorri. - Vou fazer melhor. - Ela amassa o papel e o joga no chão. - Quinhentos e cinquenta mil. Um pouco a mais para você comprar uma passagem só de ida
para qualquer lugar.
Samanta preenche um novo cheque e o destaca, balançando o papel no ar e desdém estampa seu rosto sem rugas. Não há dúvidas de que o tempo é bem mais generoso com quem é sentada no dinheiro como ela. Quer dizer, o tempo e uma manada de cirurgiões plásticos.
- Dependendo do apartamento ou casa que você escolher vai sobrar um dinheiro para você se cuidar um pouco melhor. O tempo pode ser cruel com algumas mulheres. Janete, querida, você pode fazer uma lipo-escultura,
uma redução de estômago e não precisará mais sofrer diante do espelho. Ela larga o cheque sobre a mesinha de centro e sorri vitoriosa, cheia de si. Eu fico em pé e apanho o papel com o timbre dourado e azul do banco. "Quinhentos e cinquenta mil reais". Solto um suspiro.
- Eu sei, que você nunca viu tanto dinheiro na vida, essa é a sua chance de renascer uma nova mulher. Não seja tola e não desperdice essa chance. - Sua voz é controlada e segura.
- Uma nova mulher. - Digo em voz baixa.
Pico o papel em pedaços minúsculos e arremesso o cheque triturado pelo ar. Os pedaços caem devagar sobre nossa cabeça. Um meio sorriso em meu rosto é a minha única reação. A pausa dramática que faço é proposital e ela não tem noção do animal selvagem que ela despertou em mim.
- Eu não preciso de uma oferta tão generosa quanto a sua para ser uma nova mulher, como a senhora diz. - Minha voz treme de raiva. - Há
uma semana me tornei essa nova mulher e não vou permitir que ninguém me subjugue. - Respondo exaltada, enquanto tiro minhas roupas com rapidez, deixando as peças caírem sobre o caro tapete. - E, quanto ao meu peso? E o meu corpo?
Meus dedos deslizam sobre minha pele nua, os braços marcados por mordidas, os roxos pelo meu pescoço e seios.
- Seu filho parece não se importar muito se meu manequim é trinta e oito ou quarenta e oito! Em respeito a sua idade, não lhe passo os detalhes do Dimitri e eu fizemos ontem. Mas confesso que vou precisar de uns três dias para conseguir me recuperar completamente do MEU "Doutor Delícia".
- Coloco a mão sobre minha calcinha rosa de renda, deixando bem claro que eu não tinha nenhum pudor quando se tratava do filho dela.
Samanta fica de pé e me lança olhares de ódio tão intensos quanto os da noite anterior, quando nos pegou no flagra no elevador. Seus olhos azuis estão na altura dos meus negros. A proximidade faz com que eu sinta seu perfume caro, que me enjoa na hora. Ouvi dizer em algum lugar que, quando você se depara com um animal selvagem, você não deve encará-lo. Em hipótese alguma eu me rebaixaria à essa diaba dos infernos. Empinei o peito e continuei a encará-la. A tensão em seu rosto era visível, ela pressionava os lábios com tanta força que eu tive a ligeira impressão de ouvir seus dentes rangerem. Ela deu um passo para o lado e saiu de nariz empinado, seu salto fino pisando duro, mas fui à sua frente, pressionando o botão do elevador.
- Me permita essa gentileza. - Sorrio com a voz impregnada de sarcasmo. - De acordo com a crendice popular, se você quer que a visita
retorne deve levá-la até a porta. Afinal de contas, iremos nos ver com frequência... - As portas metálicas do elevador se abrem e Samantha fica de frente para mim enquanto pressiona o botão no painel. As portas começam a fechar devagar. - ... vá com Deus, sogrinha!
E então ela se vai. Levando alguns anos da minha vida junto com ela. Meu corpo ainda treme de raiva, eu caminho pela sala, piso sobre os papéis picados e passo pelo corredor e vejo as fotos de Adônis e Dimitri ao lado da bela e sensual loira. Nem nascendo de novo eu teria alguma chance com ele se ela ainda estivesse viva. Caminho desolada, sentindo as lágrimas pinicarem meu rosto. Esfrego o canto do olho, puxando as que teimam em cair sobre minhas bochechas quentes.
O que eu estou fazendo da minha vida? Atiro-me na cama e deito de bruços. Uso o controle para fechar a persiana eletrônica que deixa meu quarto na penumbra.
Enterro a cabeça entre os travesseiros e meus gritos e xingamentos são abafados. Isso me acalma um pouco, mas a irritação que aquela bruxa me causou... arghhh! Dou graças à Deus por não ter que encontrar com Adônis pelo restante do dia. Minha cabeça maquina se devo ou não contar para Dimitri que a mãe dele tentou me comprar, e que eu fiquei seminua exibindo as marcas que ele deixara no outro dia. Porque as coisas não podem ser fáceis uma vez ou outra? Ouço uma batida leve na porta.
- Me deixa quieta Adônis! - Grito, secando as lágrimas. - Hoje não é um bom dia!
A porta é aberta, ele veste um jeans e uma camiseta lisa de manga curta na cor preta.
- Não sei o que meu irmão fez para você. - Sua voz é carinhosa e preocupada. - Vou ter uma conversa com Adônis.
- Dimitri? - Arqueio a sobrancelha, confusa.
- Achei que poderia te levar para almoçar antes do trabalho. - Ele balança a cabeça em afirmação, e fecha a porta atrás de si. Seu olhar percorre meu corpo e se demora quando percebe a calcinha que estou usando. Ele umedece o lábio e exibe um sorriso predatório. - Adônis saiu a pouco?
Onde ele foi?
- Vai passar o dia na academia. - Solto um suspiro e respondo.
- Quer dizer, então, que temos a casa só para nós? - Ele questiona, convidativo e sinto seu olhar quando leio suas segundas intenções.
Meu corpo se aquece e com a possibilidade de ser atacada pelo "Doutor Delícia" mais uma vez. - Vai me dizer o quê, ou melhor, quem é o
responsável por estas lágrimas?
- Não é nada importante. - Minto.
Dimitri mexe em um frasco cor de rosa e cheira o creme hidratante que encontra na primeira gaveta do criado mudo ao lado da esquerdo da cama. Ele me olha com cara de menino travesso e deixa pressiona o botão espalhando o creme na palma da própria mão.
- Como chefe atencioso e compreensivo que sou, não posso deixar você trabalhar nesse estado de nervos. - Ele se ajoelha sobre o colchão e eu sinto um perfume inebriante e fresco.
- Hummm - Gemo quando ele esfrega as mãos meladas de creme sobre minhas costas. Seu toque é firme e delicioso.
Suas mãos grandes esfregam minha pele vigorosamente e pontadas de prazer se acumulam em meu sexo, meus dedos dos pés se encolhem cada vez que ele chega próximo a meu bumbum.
Ele espirra o creme diretamente sobre minhas costas e minha pele se arrepia.
- O fecho desse sutiã está atrapalhando meu objetivo. - Sua voz rouca é provocante.
- E quais seriam eles? - Pergunto, sentindo a umidade em meu sexo aumentar.
- Seu prazer. - Dimitri se inclina sobre meu corpo e sussurra ao pé de meu ouvido. Seu hálito quente tem um delicioso cheiro de menta e faz os pelinhos de minha nuca se eriçar.
- Sei, sei... - Sorrio quando ele abre o fecho da lingerie e a afasta, levando-me à beira da loucura com suas provocações.
Ele continua me apertando, esfregando meu corpo dolorido e o prazer se espalha com seu toque sensual. Suas mãos percorrem minhas costas, apertam minha cintura e voltam a deslizar até meus ombros, varrendo qualquer sensação desagradável da minha mente. Meus braços estão na altura da cabeça. Quando sinto seus dedos descerem um pouco mais e acariciarem a lateral de meu corpo e meus seios.
- Ah, doutor! - Gemo, indefesa.
Estou de olhos fechados mas posso ouvi-lo sorrindo. Dimitri monta sobre minhas pernas e senta sobre minhas coxas. Ele espirra o creme sobre os globos de minha bunda. Suas mãos agarraram-me, os dedos deslizando por minha pele escorregadia, explorando por debaixo do tecido fino da calcinha.
Seu indicador deslizou pela minha fenda até chegar no meu ânus.
- O que está fazendo? - Pergunto, assustada.
- Apenas provocando... - Dimitri acaricia ali sem nenhum pudor e sinto a necessidade de tê-lo dentro de mim, escorrendo pelo meu sexo latejante.
-Está com medo? - Ouço o som metálico de seu cinto sendo aberto, mas ele não interrompe a carícia proibida.
Em todos esses anos de casamento eu nunca permiti que Nando me tocasse ali. Não sei se foi medo da dor ou vergonha do que ele pensaria depois, mas com o "Meu Doutor" eu estava disposta a descobrir. Seus dedos desceram por meu sexo até estar completamente encharcado.
- Arrisco dizer que você está com mais tesão do que medo. - Ele morde minha nuca, e seus dedos se demoram ali, escorregando em um sobe e desce, como se escolhesse onde me comeria. Ou melhor, onde me comeria primeiro.
Arfo com a excitação, e Dimitri se inclina um pouco mais quase deitando sobre mim, apoiando o peso de seus músculos apenas sobre um braço.
- Você nem trancou a porta. - Sussurro.
- Isso torna tudo ainda mais excitante, concorda comigo? - Seus dedos se afastam de meu sexo e sinto meu clitóris sensível e inchado por seus estímulos.
Mal consigo raciocinar quando sinto sua ereção esfregar-se contra minha bunda. Rígido, a cabeça protuberante sem qualquer proteção. Ele segura o membro o roça contra a rachadura de meu traseiro, descendo até a
entrada de meu sexo.
- Dimitri... - Gemo, chorosa. O coração arrebentando contra meu peito. Os seios doendo de tanto tesão.
- E agora, onde vou foder primeiro? - Tento me mover, mas o peso de seu corpo me mantém presa. Seu membro abre caminho, invadindome devagar, a posição faz com que ele me penetre fundo, eu grito quando o sinto inteiro e ereto dentro de mim, grosso e perfeito. Seu braço ergue meu tronco o suficiente para que ele consiga agarrar meus seios. Ele belisca meus mamilos e estoca fundo. - Você é tão gostosa, Janaína!
Eu grito mais alto quando seus movimentos aumentam, o barulho de seu membro batendo com força contra mim, o desejo escorrendo por meu sexo, o orgasmo é inevitável e logo eu relaxo ainda sob seu comando firme, delicioso e incansável.
Dimitri sai de dentro de mim e fica de joelhos no colchão e me puxa pela cintura.
- Está vendo? - Ele puxa meu corpo contra o dele, e me penetra mantendo nossos corpos colados, nossa imagem é refletida no espelho preso sobre a cabeceira da cama, cada movimento, cada carícia cada estocada. Ele agarra meu seio com uma mão enquanto a outra estimula meu sexo e o prazer de um novo orgasmo me faz gemer alto. - Isso é para você aprender a diferença entre nós dois.
Com estocadas duras e violentas meu corpo estremece e percebo no reflexo o brilho travesso quando gozamos juntos, nossos corpos tremendo em êxtase. Um único pensamento vem à minha cabeça. "É Adônis! " Como eu pude ser tão idiota?

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