#Capítulo 13 - Janaína
14/04/2018
Existem momentos na vida em que nosso cérebro congela, nosso corpo fica imóvel e a cara de espanto fica a estampada no rosto. E esse, meu bem, foi um desses momentos. Eu ainda lembro como foi conhecer a mãe de Nando. Ele marcou um almoço na casa dos pais, me antecipou dizendo que Ivone (minha ex-sogra) era apaixonada por doces, uma verdadeira formiga, então, para causar uma boa impressão, cheguei trazendo comigo minha especialidade, rocambole de chocolate com morangos. Posso dizer que deu certo, cada vez que almoçávamos no domingo eu preparava uma sobremesa diferente, para ganhar a dona Ivone pelo estômago.
- Boa noite. - A voz fria da mulher a minha frente me trouxe de volta. Discretamente puxei a saia do vestido um pouco mais para baixo,
sentindo o rosto queimar como fogo. Claro que ela tinha visto. Jesus, que vergonha!
"Responde Janaína, fala alguma coisa! "
- Boa noite.
Dimitri coloca a mão na minha cintura e acaricia a curvatura com o polegar em um gesto provocativo e secreto. Eu o amaldiçoo mentalmente e forço um sorriso. A senhora à minha frente exala elegância, luxo e antipatia.
Me olha de cima a baixo, algo nela me faz lembrar a Cruella Devil. E eu, sou um dos dálmatas. Espero que seja apenas cisma minha, mas infelizmente eu nunca me engano com essas coisas. Ela dá um passo para o lado para que possamos entrar e posso sentir seu olhar gelado acompanhando meus movimentos. Certamente notando minha roupa amassada, meus cabelos bagunçados e as marcas de mordidas pelos meus braços e pescoço.
- O Adônis já chegou? - Pergunto olhando para a sala da vazia.
- Não. - Ela responde, monossilábica e se encaminha para o sofá e senta. Ah, então ela vai ficar? Achei que já estava de saída, penso,
decepcionada.
-Não vai me apresentar à sua amiga? Essa não foi a educação que eu lhe dei. - A arrogância em sua voz faz os pelinhos da nuca se arrepiarem.
Dimitri revira os olhos e passa a mão pela minha cintura e me puxa para mais perto.
- Janaína, essa é minha mãe, Samanta Borges Assunção. Mãe, essa é minha namorada, Janaína Mendes.
Minhas pernas amolecem como gelatina. "Namorada"? Eu ouvi isso mesmo? Ele disse a palavra "namorada"? Olho para ele surpresa com a declaração. Meu coração bate tão forte no peito que acho que vou desmaiar.
Meu estômago ronca alto e rezo mentalmente para que nenhum dos dois tenha ouvido o barulho.
- Acho que vou preparar algo para nós. - Olho para Samanta e forço um sorriso. - A senhora aceita alguma coisa? Chá? Café?
Qualquer coisa mulher, eu só quero sumir.
- Não. Obrigada.
- Também estou com fome. - Dimitri sorri para mim e meu corpo se aquece.
Oh, graças a Deus! Vibro ao conseguir escapar para a cozinha.
Quando estou sozinha, abro a torneira da pia e lavo o rosto, repetindo mentalmente a palavra que Dimitri usara: "namorada". Desligo a torneira e seco as mãos no próprio vestido. Abro os armários à procura de comida, encontro potes coloridos de Whey Protein e barras de cereal. Droga Adônis!
Na geladeira, somente frutas e verduras de variados tipos. Porcaria! A máquina vermelha de café expresso na bancada é a minha única salvação. Ao lado, há uma caixa metálica com sachês instantâneos de diferentes sabores.
Enquanto preparo o café, ouço a conversa à distância. Encontro uma bandeja e deixo à espera as pequenas xícaras. Morta de curiosidade, eu me aproximo da parede, tendo cuidado para não ser pega ouvindo a conversa.
- Uma secretária? Eu esperaria isso de Adônis. Mas de você? - Ela o repreende. - Meu filho, essa mulher não chega nem perto de Paola.
- Já basta! - Dimitri brada com a voz dura. - Não percebi em que ocasião eu pedi sua opinião.
Sirvo as xícaras e carrego a bandeja até a mesinha de centro. Mordo o lábio, tentando controlar a raiva crescente dentro de mim com a porcelana tilintando sobre os pires porque minhas mãos tremem demais. Sento ao lado
de Dimitri, que descansa a mão sobre minha coxa quando cruzo a perna.
- Obrigado, Jana. O cheiro está ótimo. - Ele pega uma xícara para mim e outra para ele.
Samanta olha para a última xícara e volta a me lançar olhares de ódio.
- Você namora com Dimitri e mora com Adônis, é isso? - Sua postura é ereta e as sobrancelhas arqueadas, sinto certo desdém em sua voz.
- Mais ou menos. - Respondo, bebendo um gole de café, ganhando tempo. O silêncio que se instaura entre nós é constrangedor.
Samanta olha em seu fino relógio de pulso.
- Pelo visto, seu irmão não vai chegar tão cedo. - Ela fica de pé, e coloca a bolsa Prada debaixo do braço. - Espero você e a Sara no próximo
final de semana na fazenda.
Sinto a sutileza naquela frase. "Você e a Sara. " Claro que eu não estou incluída seja lá de qual fazenda ela esteja falando. Quando Dimitri se
levanta eu faço o mesmo.
- Foi um prazer conhecê-la. - Minto, e sorrio cordialmente.
Ela não se dá ao mesmo trabalho. Sorri sem mostrar os dentes.
- Boa noite. - Diz secamente, antes que as portas do elevador terminem de se fechar.
Quando ela se vai, sinto o corpo ficar mais leve.
- Simpática sua mãe heim? Acho que ela não foi muito com a minha cara. - Desabo no sofá e estico as pernas sobre as almofadas. - Acho que perdi uns dez anos da minha vida naquele elevador, e a culpa é toda sua.
- Ela não é sempre assim. Às vezes é pior. - Dimitri ergue minhas pernas e senta, atirando as almofadas sobre o tapete. Ele acaricia meus
tornozelos e desliza os dedos sobre minhas pernas, e eu dou uma risada alta.
- Então, pelo visto, você deve ter puxado ao seu pai. - Empurro seu peito com o pé descalço. Ele segura meu tornozelo e morde minha panturrilha. Um arrepio delicioso espalha-se pelo meu corpo. Volto a apoiar
minhas pernas sobre seu colo. - Para! - Xingo dando uma risada.
- Me diz, o que Adônis fez para te convencer a vir para cá? - Pergunta, com as mãos explorando minhas pernas.
- Ele não fez nada. Você sabe que eu estava na casa da minha irmã, dormindo no sofá da sala. Sexta feira, quando fui buscar minhas roupas,
Fernando fez questão de jogar na minha cara que havia queimado todas as minhas coisas.
- Hum... - Ele continua as carícias com apertos fortes que me atiçam ainda mais. As mãos de Dimitri sobem por meus joelhos, na altura das
coxas. Meu sexo se contrai e eu tenho que me esforçar para continuar a concentrada apenas na conversa.
- Seu irmão estava comigo no sábado de manhã, quando recebi as mensagens da corretora de imóveis. - Explico olhando para suas mãos, que teimam em continuar me provocando. - Eu tentei ligar para você, mas só
caía na caixa postal.
- Eu levei Sara para passar o final de semana na fazenda, o sinal é péssimo lá.
- Onde fica? - Pergunto, curiosa.
- No interior de São Paulo. Sara adora ir para lá.
- Não consigo imaginar uma mulher fina como sua mãe em uma fazenda. - Replico, arrumando a barra do vestido que já está quase no meio das pernas e a mão de Dimitri se demora no meio da minha coxa e sinto a
umidade em meu sexo aumentar.
- Quer dizer então que, você ter vindo para cá, é culpa minha? - Retruca voltando ao assunto.
- Te incomoda muito?
- Eu e meu irmão não nos damos muito bem, como você já percebeu. - Sua mão sobe um pouco mais, os dedos roçando em minha intimidade nua, sentindo como estou ficando molhada. - Agora, eu não quero mais falar da minha família.
Seus olhos azuis esverdeados tem um brilho que me hipnotiza.
Mordo o lábio e o empurro com o pé, mas Dimitri segura minha perna e a afasta. Enquanto seus dedos brincam, ali ele me olha com luxúria.
- Para, estamos na sala e se chegar alguém? -Gemo, sentindo seus dedos abrirem meus lábios grossos até chegar em meu clitóris que ansiava
mais uma vez por seu toque.
Ele ignorou minha súplica chorosa e continuou as carícias, movimentando os dedos pelo meu ponto de prazer, deslizando por minha
entrada escorregadia. Eu o queria de novo dentro de mim e estava prestes a me entregar novamente quando o som do celular interrompeu meus gemidos.
Ele tirou a mão e eu quase chorei. Maldito telefone!
- O que é, Anastácia? - A irritação em sua voz era gritante. Não fazia ideia de quem era essa mulher, mas eu já a odiava!
- Estou indo. - Ele desligou o celular e o guardou no bolso. - Me perdoe, Jana, tenho que ir.
Dimitri deposita um beijo rápido em meus lábios e sai, sem me dizer o que está acontecendo.
******
Sinto um friozinho quando o lençol em que durmo enrolada é puxado de mim.
- Hora de malhar! - A voz de Adônis me desperta.
- Humm... - Gemo, sem conseguir abrir os olhos direito.
- Vamos Janaína, eu não tenho o dia inteiro! - Reclama, impaciente e viro de costas e me encolho, querendo continuar a dormir.
-Hoje eu não vou conseguir, acho que estou doente. - Finjo uma tossida e coloco a mão na testa. - Acho até que estou com febre.
-Você é aluna mais preguiçosa que já tive! - Ele xinga, colocando
a mão em meu rosto. - Febre nada! Agora, salta daí e vai colocar uma
roupa. Ou você quer que eu te vista a força?
- Caramba, você é muito turrão! - Levanto da cama e me arrasto para o banheiro sem olhar para ele.
Tomo um banho e vou para a cozinha, já vestida com as roupas de ginástica. Meus olhos, quase fechando sozinhos de tanto sono, encontram um Adônis mal-humorado, me esperando escorado na bancada. À sua frente há um copo de vidro com um líquido esverdeado que ele empurra na minha direção quando eu me aproximo em passos lentos e sem vontade.
- Bebe.
- Só se eu for louca! - Retruco. - O que tem aí dentro?
- Duende liquidificado. - Responde, irritado.
- Acho melhor você dormir mais um pouco, porque, pela primeira vez em todos esses, dias que eu vejo você "azedo"!
- É detox, Janaína. Agora bebe de uma vez!
Bufo contrariada, sem saber a causa de sua raiva e pego o copo, dando uma cheirada rápida. Argh... o cheiro consegue ser pior que a cor.
- Conheci sua mãe ontem. - Aperto o nariz com uma mão e bebo o líquido grosso e amargo do copo. A vontade de vomitar vem em seguida. O tal detox tem um gosto amargo, uma mistura de couve crua, limão e sei lá mais o quê. - Você bebe essa porcaria também? - Limpo a boca no braço.
- Não, não estou precisando perder peso. - Ele bate na barriga tanquinho e sinto a acidez em sua voz.
- Porque que essa raiva toda? Nenhuma garota quis dar para você ontem? - Retruco sua patada. Também sei ser égua quando quero.
Ele dá a volta na bancada e fica há alguns centímetros de distância.
Prendo a respiração e o encaro com ar desafiador. Adônis ergue a mão e passa pelo meu pescoço e meu corpo se arrepia ao seu toque me deixando paralisada.
-É melhor você passar uma maquiagem nesses hematomas. Marcas de chupão e mordidas não pegam bem para uma mulher da sua idade.
Filho da mãe! Quem você está pensando que é para me tratar desse jeito?
- Seu irmão não reclamou. - Alfineto.
******
Adônis pegou mais pesado naquele dia do que em qualquer outro, e eu aguentei calada. Não iria dar a ele o gostinho de me ver reclamar. Cada músculo de meu corpo parecia prestes a arrebentar quando, finalmente, voltei
para o apartamento após as cinco horas de treino intensivo. Ele não voltou comigo. Tomei meu segundo banho do dia e comecei a organizar a bagunça que havia sobre a pia da cozinha quando ouvi a porta do elevador se abrir.
Passei as mãos ensaboadas no pano de prato e gelei ao ver a senhora Samanta Assunção parada bem no meio da sala de estar. Meu Deus do céu, essa mulher está sempre com essa cara de quem comeu e não gostou, ou é só quando me vê?
- Bom dia! - Cumprimento, e coloco o pano sobre o ombro. - Adônis está na academia.
- Não vim falar com ele. Meu assunto é com você. - Sua voz é fria e impessoal. Ah, meu pai... hoje não é meu dia! Sento-me ao seu lado e ela olha para meus pés descalços e me vistoria em silêncio. - Você não é mulher para meu filho. - Ela é direta como um míssil, abre a bolsa cara, retira uma caneta prateada, a carteira de couro e abre um talão. - Quanto eu
tenho que colocar a aqui para você sumir da vida de Dimitri?
