#BRUTO - CAPÍTULO 30 (FINAL) - 12 anos depois

18/03/2018

Carolina Oliveira
Eu estava deitada na rede pendurada entre duas mangueiras enormes que ficavam de frente para nossa casa, recostei o livro sobre o peito e admirei Bruto à distância, apesar do tempo, ele continuava lindo. Ele
havia reformado o chalé inteiro com as próprias mãos, os músculos bronzeados brilhando ao sol, o jeans surrado, as botas sujas e o chapéu enfiado na cabeça. Nossa casa ficara linda e charmosa, a cerquinha branca ao redor, as janelas com floreiras, era perfeita para nós.
Dona Isaura apareceu na porta da frente com uma jarra de suco e um copo. Bruto largou o martelo sobre o degrau de madeira e foi até sua mãe.
Mesmo à distância, eu podia ouvir a conversa dos dois.
- Cadê a Isa e o Rico? Fiz aquele bolo que eles adoram.
Hum... meu estômago se manifestou. Dona Isaura cozinhava como ninguém e, depois que os gêmeos nasceram, ela fazia uma porção de pratos diferentes para me deixar bem nutrida para dar leite aos potrinhos.
Ri comigo mesma... Nossos filhos já estavam enormes, ambos maiores do que eu. Isa tinha um metro e setenta e cinco e Rico já estava da altura de seu pai. Mas dona Isaura mimava-os como se tivessem pouco menos de um metro. Isso sem falar nos mimos que seus dindos traziam de São Paulo, Matt e seu companheiro nos visitavam pelo menos duas vezes por mês desde que os gêmeos nasceram.
Isa e Rico vieram cavalgando em seus cavalos, os dois viviam brigando e aprontando pela fazenda, eram a razão por surgirem alguns fios brancos nos cabelos de Bruto.
Larguei o livro ali na rede e fui até eles. Quando cheguei mais perto, Bruto me puxou para um beijo, e ouvimos um:
- Blaaaahhh - falaram em coro. - Parem com isso.
Ele sorriu e mordiscou meu lábio inferior e voltou a tomar mais um gole da limonada.
-Vocês já não estão velhos para isso? - Rico provocou o pai enquanto descia de seu cavalo.
- Velho? - Bruto se ofendeu. - Se bobear, faço mais uns dois gêmeos. - Ele dá um tapa em minha bunda, e eu quero estapeá-lo por fazer isso na frente de todos.
Eu não duvidava do fogo de Henrique, aquele homem era insaciável.
Arregalei os olhos e arqueei as sobrancelhas.
- Se acalme aí, peão e, vocês dois, tratem de se arrumar, hoje teremos visitas - expliquei.
- Matt, Heitor e Nick vão jantar conosco hoje.
Ela bufou irritada.
Isadora detestava Nick.
- Aquele mauricinho irritante, argh.
- Shiuuuuu - eu a interrompi.
Matt adotara o pequeno Nick e, ao lado de Heitor, construíram uma família, mas quando Nick, Isa e Rico se juntavam, quase colocavam a fazenda abaixo.
- Isso está me parecendo outra coisa - Dona Isaura provocou com um sorriso no rosto.
- Para, vó - ela reclamou e marchou para seu quarto pisando duro. - Que saco!
- Rico, você fica de olho na sua irmã, nada de deixar o Nick passar dos limites com ela - Bruto rosnou.
- Eles se odeiam, pai - Rico respondeu secando o suor do rosto.
- Por isso mesmo. - Ele completou.
Eu rio ao lembrar de nossa primeira declaração de amor.
- Odeio você, Henrique Brandão.
- Amo você, sua peste.
*
Henrique havia ampliado o chalé durante a reforma e agora eu tinha que terminar de organizar meus arquivos. Apesar de continuarmos vivendo na fazenda, eu reservava uma semana por mês para ir a São Paulo para participar das audiências e cuidar de perto dos casos que mereciam maior atenção. - Oi, bunduda. - A voz de Matt me pega de surpresa.
- Matt! - Largo os papéis sobre a mesa e corro para seus braços.
Ele me abraça apertado e beija o topo de minha cabeça.
- Onde está o Heitor? E o Nick?
- Na sala, entregando as encomendas da Isa e do Rico.
Eu me afasto e coloco as mãos na cintura.
- Vocês não podem ficar comprando tudo o que eles pedem - repreendo.
- Falou a mulher que tem uma coleção de sapatos capaz de calçar todos os paulistas.
Reviro os olhos, é difícil argumentar com Matt.
Maldito promotor.
- Trouxe uma coisa para você.
Eu sorrio.
Ele pega uma caixa no chão, ao lado da porta.
- Para com suspense, meu coração não aguenta - confesso, pegando a caixa de suas mãos. Jogo a tampa sobre a mesa.
O vestido de renda branca é delicado, bordado com pequenas pedrarias, meus dedos tocam devagar o presente como se o simples ato pudesse macular sua beleza.
- Vista logo. - Matt ri. - Você não vai querer deixar o noivo esperando.
Meu coração quase para no peito.
- Eu a ajudo ou você vai ficar babando nessa obra de arte que eu escolhi a dedo para você.
Matt abotoa o vestido e com delicadeza arruma as alças que mais parecem lindas joias.
Calço os scarpins brancos e fico de pé. Quase choro ao olhar para meu reflexo no espelho. Ouço batidas leves na porta.
- Uau! - Heitor elogia e entra no quarto. - Matt, esqueceu isso no carro.
Heitor carrega uma linda tiara presa ao véu.
- Não chore, bunduda, ou vai estragar essa maquiagem.
Reviro os olhos e abano o rosto tentando controlar as lágrimas enquanto Heitor coloca a tiara sobre meus cabelos soltos.
- Cale a boca, Matt. - resmungo. - Você e o Bruto armaram tudo isso?
Heitor pigarreia.
- Teve um dedinho de todos nós - ele explica e sorri eufórico. - Agora chega de conversa e fique parada que eu preciso vendar você.
Suspense. Como se meu coração não estivesse prestes a saltar pela boca.
Heitor me guia e caminho às cegas para fora da casa.
Pelo som que meus sapatos fazem, sei que já estamos entrando mato adentro.
- Tem certeza que sabe o caminho? - digo nervosa.
Heitor não responde.
- Sabe que com esse salto aqui é complicado andar no mato, vai devagar - reclamo já sentindo os pés doloridos.
Ele ri.- Já estamos chegando - ele me conforta.
Heitor para de caminhar e solta minha mão. Com cuidado, ele remove minha venda.
A beira do lago é iluminada por lampiões brancos, o dossel de madeira rústica é decorado por voil branco. Isa e Rico estão lindos e me olham de forma admirada e carinhosa.
Não vou chorar, não vou chorar. Mentalizo. Mas as lágrimas começam a dificultar minha visão, estão todos ali, Dona Isaura, minha mãe, Matt.
Respiro fundo e me controlo para não correr para os braços de Bruto no instante em que o vejo vestindo um smoking que lhe cai perfeitamente, ele sorri ao me ver.
Com as pernas tremendo, eu caminho devagar sobre a trilha de pétalas brancas que me leva até ele.
Bruto seca minhas lágrimas com o polegar e puxa minhas mãos contra seu peito.
Isa se aproxima de nós segurando uma almofada acetinada com duas alianças.
- Carolina, você colocou laxante na minha comida, soltou a Moa na cidade, pintou todas as minhas roupas de cor de rosa, me xingou e chutou mais vezes do que eu posso contar.
Eu rio e choro ao mesmo tempo.
- Ficou ao meu lado depois do acidente, cuidou de mim, foi a mulher que eu precisava ter comigo, aguentou minhas dores e meus fardos, fez de mim um homem melhor, me fez acreditar no amor, me fez amar de novo. - Minhas mãos ainda estão sobre seu peito, sinto seu coração batendo tão acelerado quanto o meu. - Amo você, peste.
Bruto pega minha mão e coloca a aliança em meu dedo.
Fico na ponta dos pés e aproximo meus lábios dos dele.
- Amo você, cavalão.
Pego a aliança e a encaixo em seu dedo.
Henrique me pega no colo, e eu me agarro a ele.
- Para onde você está me levando? - sussurro ao seu ouvido.
- Para a lua de mel. - Sua voz é um rosnado sexy e faz meu corpo estremecer. Ele me joga sobre o ombro daquele jeito que eu detesto, como se eu fosse um saco de batatas, e eu estapeio suas costas e, de bunda para cima, sou carregada, um misto de fúria, excitação, vergonha e felicidade percorre meu corpo, pois sei que a noite é longa, e logo meu coração estará pulsando enquanto ele me fode no meio do mato.
BRUTO
Bruto
Bruto!
FIMMMM ...
*** SE VC ACOMPANHOU ESSE CONTO ATÉ AQUI, CAPÍTULO POR CAPÍTULO NÃO DEIXE DE COMENTAR. PRA NÓS QUE POSTAMOS OS CONTOS PRA VCS É MUITO GRATIFICANTE SABER A OPINIÃO DE TODAS, AFINAL NO DECORRER DOS CAPÍTULOS PENSAMOS SE VCS IRÃO MESMO GOSTAR OU NÃO, SE VÃO VIBRAR E SE EMOCIONAR ASSIM COMO A GENTE!!! ... 
OBS 1 : As imagens que foram postadas no decorrer do conto foram baseadas nas características passadas pelo escritor (sendo fictícias).
OBS 2: Segue nas imagens abaixo o autor real do Conto:KY CROSSFIRE

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