#BRUTO - CAPÍTULO 4 - O Almoço

05/03/2018


 BRUTO - CAPÍTULO 4 - O Almoço


♣Henrique Brandão♣


A doutora potranca sai rebolando e pisando firme antes de bater a porta de meu quarto. Apesar de gostosa aquela mulher é uma diaba, mas não aguentaria muito tempo aqui na fazenda, ainda mais com os luxos que ela deve estar acostumada na cidade grande. Eu não a queria bisbilhotando por tudo e daria um jeito de tirá-la daqui o quanto antes, mas não sem antes dar uma boa fodida naquele traseiro.
Fui até a cozinha. Algumas panelas borbulhavam no fogo. Zira terminava de tirar as últimas penas da galinha, minha mãe cortava alguns temperos sobre a pia.
Eu vi a preocupação em seu olhar, mas ela não disse nada
sobre a doutora.
- O que vai ter para o almoço? - indago com a irritação ainda na voz.
- Arroz campeiro e galinha caipira - minha mãe responde sem interromper os movimentos de corte.
- A moça vai ficar para comer.
Bufo e concordo balançando a cabeça. Olho no relógio de pulso, é quase meio dia.
- Mãe, quero prepare aquele mondongo e o ensopado de língua que você ia fazer à noite.
Zira larga o frango pelado dentro de uma bacia.
- Ah, não. Agora que eu consegui arrancar todas as penas. Se você está querendo um almoço especial para a doutora, acho que ela não deve gostar desse tipo de comida, fez cara de nojo até para o bolo da dona Isaura.
- Alguém com uma bunda daquele tamanho não deve ter muita frescura para comer - dona Isaura retruca ofendida.
Dou uma risada.
É... ela tem um belo rabo.
- Zira, cale a boca, quando um burro fala o outro baixa as orelhas.
Ela faz uma careta e se cala.Fui para a varanda do chalé e deitei na rede. De olhos fechados, aproveitei o balanço da rede. Havia passado quase uma hora desde que a doutora potranca havia se trancado. E o silêncio dela lá não era uma coisa boa.
- Ziraaaaaaa - ouvi a voz de Carolina ressoar em um grito alto. - Ziiiiiiiiiraaaaaaa!
- Já vou - a menina responde aos gritos.
Diacho de mulher berrona!
Assim fica impossível dormir!
Levanto da rede. E eu mesmo fui ver o motivo da gritaria.
- Menina, me alcança a nécessaire que deixei perto da porta.
Zira balança a cabeça e concorda.
- Não, Zira, a doutora aqui precisa aprender que aqui ela não tem empregados. - interrompo. - Agora vá para a cozinha ajudar minha mãe a terminar o almoço.
A diaba me espia por uma fresta na porta e grunhi como uma onça brava.
Um perfume de rosas vem de sua direção. Ela revira os olhos e afasta o cabelo molhado do rosto.
- Senhor Henrique, por gentileza, pode alcançar uma pequena mala que tem próxima à porta de entrada? Eu ficaria imensamente grata.
A danada tem o tom sarcástico.
Chego mais perto da porta onde ela está.
- Não - respondo empurrando a porta, ela até tenta me impedir, mas uma das mãos está segurando o vestido na frente do corpo ainda úmido.
Meu pau lateja na calça.
- O que você está fazendo? - ela reclama. 
- Não está vendo que estou nua? Não estou acostumada a
ficar andando pelada por aí como o povo da fazenda.
Dou uma boa olhada no pedaço de pano que ela puxa contra seus seios e olho para a bagunça em meu quarto, as roupas na cômoda reviradas. Ela se justifica.
- Eu estava procurando uma toalha seca.
Afasto seus sapatos de salto com um chute e me atiro na cama, deitando de bruços.
- Esses saltos valem mais do que você - ela rosna indignada.
- Doutora, tente gritar um pouco menos, estou tentando dormir um pouco antes do almoço. Tive uma noitada daquelas. - Fecho os olhos e ainda sinto o perfume dela espalhado pelo quarto.O cheiro até que é bom.
Ela bufa alto, e eu a ouço se afastar retrucando algo...
- Peão idiota.
Viro a cabeça na direção de sua voz e o vestido agora cobrindo pouco mais da metade de seu traseiro. A pele branca e nua de suas costas exposta.Caralho, eu estava duro só de olhar para ela.
Carolina se abaixou e pude ver a polpa de sua bunda, e logo imaginei enterrar meu pau naquela delícia. Pouco antes dela ir embora, é claro. Quando ela volta para o quarto, tem no rosto a expressão de uma mulher furiosa.
Não escondi o sorriso, era engraçado vê-la irritada daquele jeito.
- Você não ia dormir? - resmunga, me fuzilando com o olhar.
Eu sorrio.
- Vou. Só estou esperando a doutora entrar no banheiro. Não consegui ver à distância a tatuagem logo acima da bunda.
Ela arregala os olhos e brada andando de lado até a cortina.
- Vá se ferrar, seu nojento.
- Já disse antes, doutora... a porta da rua é a serventia da casa. - Volto a fechar os olhos e, dessa vez, o sono não demora a vir.
Não muito tempo depois sou despertado pelo zunido mecânico de um motor. Levanto de sobressalto na cama. Vejo o reflexo da doutora sorrindo por ter interrompido meu descanso com a porra de um secador de cabelo.
Diaba.
A dor de cabeça volta com mais força dessa vez, a infeliz tem nome de Carolina. Ela usa um vestido verde com algumas flores estampadas que marca sua cintura e traseiro, a roupa é um pouco mais curta do que a outra parando pouco acima das grossas coxas que se equilibram em um salto fino.
- Acordei você? - ela grita em um deboche. - Sinceras desculpas, prometo ser mais cuidadosa enquanto estiver aqui.
Peste de mulher gostosa!
Levanto da cama e saio do quarto. Zira passa por mim carregando alguns pratos.
- O almoço já está pronto - ela avisa. - Ah... e o veterinário ligou, disse que vai passar aqui à tarde.
Na varanda dos fundos, as panelas fumegam ainda quentes. Zira e minha mãe já estão sentadas cochichando algo, mas param assim que percebem quem vem logo atrás de mim.
Puxo a cadeira de madeira e sento-me de frente para minha mãe. Carolina afasta a cadeira e espana com a palma antes de se sentar.
- Fique à vontade, doutora. Sinta-se em casa, afinal a casa também é sua.
- Obrigada pela gentileza, Henrique. - Ela sorri e me encara. - E é exatamente por isso que estou aqui.
Seus lábios bem desenhados e grossos estão pintados com um batom rosa claro.
Uma pena que a boca dessa peste seja tão gostosa, eu poderia dar outra utilidade a ela, talvez isso a deixasse menos teimosa.
- A comida é simples, dona Carolina - minha mãe interrompe nossa guerra de olhares.
Ela olha para as três panelas de ferro dispostas no centro da mesa e força um sorriso.
- Não sou de comer muito - ela responde fingindo simpatia.
Dou uma risada e sou o primeiro a servir.
- Ah, mas hoje você vai. - Sirvo uma concha generosa do primeiro ensopado. - Esse é o melhor ensopado de língua da cidade. Quando sentir a carne mole desmanchando nessa sua boca...
Ela me fulmina com o olhar, mas eu continuo a servindo, dessa vez, da segunda panela.
- Depois de provar esse mondongo aqui, você nunca mais vai querer ir embora. -Mondongo? - ela repete sem entender.
- Sim, doutora, mondongo, são as tripas da vaca - digo com uma pontada de divertimento.
Zira ri da careta que ela faz, mas minha mãe não acha graça e observa tudo quieta.
- Dona Isaura, o que é isso em cima do arroz?
- Carolina pergunta.
- Amendoim, é uma receita especial de arroz tropeiro.
Ela segura meu braço antes que eu encha a concha de arroz para servi-la.
- Não! - diz com certa urgência. - Não posso comer amendoim. Sou alérgica.
Eu olho para sua mão sobre meu braço, e ela a retira.
- A não ser que queira me matar - provoca num tom sarcástico.
- Não me dê ideias, doutora - retruco e lhe entrego o prato quase transbordando de comida.
Depois de servir minha mãe e Zira, me sirvo.
Claro que a doutora ainda não tinha tocado na comida.- Algum problema?
Dou uma garfada. A comida está deliciosa.
- Não, nenhum. - Ela cutuca um pedaço da
língua em seu prato e depois empurra, tentando afastar o
mondongo para o lado.
Zira e minha mãe trocam olhares, mas não falam nada.
- Fiquei curiosa. Você chegou a preparar aquele frango, Zira?
Eu interrompo antes que a menina responda.
- Quando vi que você iria almoçar com a gente, decidi mudar o cardápio.
- Grata pela consideração, cowboy. - Ela sorri e ergue um copo de água gelada, o levando aos lábios rosados.
E só então decide dar uma garfada. A carne é mole demais e escapa do garfo. Eu lhe entrego uma colher de sopa.
-Você vai conseguir saborear melhor a língua e o mondongo com isso.
Carolina estreita o olhar e começa a comer. A cara de nojo da doutora mimadinha é impagável. Terminamos o almoço em silêncio e a tensão entre nós é tão intensa que pode ser cortada com uma faca.
Jairo aparece na soleira da porta e sorri.
- Tarde! - ele cumprimenta. - Cheguei na hora boa.
Minha mãe sorri enquanto retira os pratos e panelas, e Zira serve pequenas copos de café preto recém passado.
Carolina o observa e sorri de maneira simpática quando ele estende a mão para cumprimentá-la.
- Vai me apresentar a moça. - Ele flerta, mas ela não dá abertura.
- Carolina Oliveira Ferraz. - A diaba retribui o aperto de mão. - E você?
- Jairo Borges. Veterinário da fazenda.
Ela arqueia apenas uma sobrancelha não muito impressionada e volta se sentar.
Zira serve um copo de café para Jairo, que senta do outro lado da mesa de frente para mim e, enquanto a doutora tem o olhar distraído pela vista da fazenda, os olhos do veterinário estão cravados no decote da peste ao meu lado.
- A quanto tempo você trabalha aqui na fazenda? - ela pergunta, o encarando, ele sobe o olhar rapidamente, antes que ela perceba que ele estava prestes a nadar no meio de seus peitos.
- Vai fazer três anos - ele responde e bebe um pequeno gole de café depois de assoprá-lo.
- Você está de carro?
- Claro -responde, largando o copo sobre a mesa.
- Ótimo. Então você não vai se importar em me dar uma carona até a cidade e depois me mostrar a fazenda.
Jairo gagueja pego de surpresa e me olha.
- Acho que po -posso. Só tenho que dar uma passada no celei... - Eu o interrompo antes que possa terminar a resposta.
- Jairo tem compromissos, está em seu horário de trabalho, ele é veterinário, e não motorista particular.
Ela bufa contrariada e me ignora. - Por acaso seu celular tem internet?
Jairo ri e tira do bolso um celular preto.
- Até tem, mas o sinal não é grande coisa aqui.
Carolina apanha o celular e passa na barra do vestido, limpando a tela, e então digita algo.
- Só preciso mandar uma mensagem - explica enquanto seus dedos tocam a tela com habilidade.
- Depois que eu conferir como estão os animais, posso mostrar a fazenda a você. Não é incomodo nenhum.
Eu o fulmino com o olhar, e ele faz sinais com as mãos de quem não está entendendo.
- Não se preocupe com isso, Jairo, limite-se a fazer o seu trabalho. Eu mostrarei a fazenda a doutora hoje à tarde.
Será um prazer.
Carolina faz um bico contrariada, mas levanta-se da cadeira e devolve o celular ao Jairo.
- Que seja. Com licença.
A doutora sai em um rebolado, e nossos olhares acompanharam o movimento de seu traseiro.Quando ficamos a sós, Jairo se inclina em minha direção e sorri, me dando um soco no braço.
- Cara, que mulher geniosa. Achei que ela usaria o celular para acertar você na cabeça.
Contenho uma risada...
- Eu sei... ela é uma potranca braba. Só precisa de algumas montarias para ser amansada direito.
Jairo ri e termina o café.
- Acho que aquela "potranca" você não vai montar tão cedo.
- A mulher é a peste encarnada, chegou aqui cheia da moral querendo mandar em tudo. Mas eu vou amansar essa fera e mandar ela bem calminha de volta à cidade.
Ah... se vou...
CONTINUA...
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