#ANELISE– CAPÍTULO 85
14/08/2018
- Ele desligou na minha cara - ergo as sobrancelhas e dou de ombros, guardando o celular de volta na bolsa. - Nem deu a chance de me explicar depois que eu mencionei seu nome - digo para Petrus, que faz cara de pouco caso. Eu sabia que Nick não iria gostar de ir viajar sozinho depois de ter planejado uma viagem a dois, mas depois de hoje eu não poderia ir a lugar algum mais.Eu não queria ir a lugar algum.- Seria um grande favor que ele me faria. - Petrus me abraça mais apertado, me envolvendo completamente em si e diante da minha cara de ponto de interrogação, ele sorri e explica - Te odiar sabe? Seria um grande favor pra mim se ele nunca mais quisesse olhar na sua cara.Eu sorrio delicadamente para ele, tentando recuperar um pouco da habitual leveza de nossas conversas. Já era quase de manhã mas nós ainda estávamos ali, enrolados um no outro, deitados no nosso sofá, colocando tudo o que precisava ser colocado em dia.Ele já havia me contado o por que me deixou e eu quase não me perdoei por não ter insistido, por não ter ido atrás, por não ter desconfiado, mas ele simplesmente disse que não teria como tirar nada a força dele. Naquele dia ele estava totalmente decidido e nada do que eu fizesse ou falasse mudaria seus planos.Ele sempre quis me proteger.Ele sempre me amou.Eu estava tão ridiculamente feliz.O que ele fez por mim hoje, o modo como demonstrou seu amor.... Nem que a vida me dê a graça de viver 100 anos eu jamais serei capaz de esquecer.[...]- Amor -brinco com os meus dedos, subindo e descendo em seu peito enquanto estamos abraçados em nossa cama - agora que você está á frente da PrimeStan, você pretende ficar por lá? Digo, ficar em São Paulo?Ele suspira.- Não sei, de verdade. - ele se ajeita na cama e me arruma melhor em seu abraço. Entrelaço minha perna na sua e sinto seu calor se espalhar por todo o meu corpo, mas obrigo a minha mente a não pensar nisso agora, afinal ela havia pensado nisso há minutos atrás e era exatamente por isso que estávamos aqui deitados com apenas um lençol fino separando nossos corpos.- Eu quase não sei o que fazer lá, sabe? Eu vou precisar estar lá, reunir membros de confiança da empresa e montar uma equipe de apoio que me ajude e me oriente pelo menos no começo. Eu sei que você precisa ficar aqui, mas eu não posso ficar amor.Penso alguns instantes sobre isso e decido finalmente.- Não, eu não preciso. - ele olha pra mim intrigado - Você se incomodaria se meu pai retirasse toda minha herança pelo não cumprimento do combinado?Ele me olha de uma forma engraçada, depois ri e diz:- Claro que não Anelise, que pergunta mais boba. Você sabe que eu ficaria com você de qualquer jeito.Dou de ombros.- Então se ele quiser tirar minha herança, que tire. Mas quando você for embora, eu vou junto. Foi você mesmo que disse que meu lugar é ao seu lado, não importa onde for.- Exatamente - ele beija minha testa.Faço finalmente a pergunta que martela minha mente há horas.- E quanto ao Hector e ao Dimitri, amor? Tenho medo deles tão próximos á nós.Vejo sua expressão se contorcer um pouco ao ouvir falar deles.- Infelizmente não há nada que eu possa fazer. O Hector é acionista igual a mim e o Dimitri mesmo tendo poucas ações, ainda é um sócio da empresa, mesmo que minoritário. Eu terei que engoli-los todos os dias. Quando eu voltar, haverá a votação para Presidente da PrimeStan. Até agora era o Hector, por que ele mantinha a maior parte das ações e Dimitri nunca usou as minhas para tomar o cargo do pai por puro medo, eu presumo.- Você acha que tem chance de ganhar? - pergunto apreensiva.- Tenho enormes chances por sinal. Ele é muito odiado por lá. Ferrar com ele é o sonho de 11 entre cada 10 pessoas que coabitam o mesmo prédio - ele ri fracamente e depois me abraça - Mas vamos parar de falar deles, por favor.Ele me olha com aquele olhar que eu já conhecia muito bem. Passa sua perna por cima da minha e diz de uma vez, enquanto me vira e me prende embaixo dele.- Vamos falar de nós. Senti saudade, baby.
