#ANELISE – CAPÍTULO 53
18/07/2018
Me viro na frente do espelho e me olho mais uma vez. Aliso o longo vestido azul marinho e reparo em seus detalhes mais uma vez: uma marcação de pedras na cintura e uma fenda entre os seios. O scarpin preto combinava perfeitamente e a trança embutida de lado me dava um ar aristocrático, quase angelical. Poucas vezes na vida me senti tão bonita quanto hoje. Com alguns toques de mestre e meu estojo da MAC, fiz uma maquiagem discreta e sorri no espelho ao terminar de passar o batom vermelho, que deixava minha boca mais carnuda.Ótimo.Só faltava uma última coisa. Saio em busca da caixa onde eu guardava minhas jóias, mas não a acho. Reviro as gavetas, o criado do mudo e nada.Onde isso foi parar? Tive um pequeno ataque de pânico. Faltavam poucos minutos para a festa começar e eu não podia ir sem nada. Por mais que eu gostasse de coisas discretas, era bem diferente de ir sem absolutamente nada.- Procurando isso? - Petrus se encosta no batente da porta, levantando minha caixa nas mãos. Sorri e vem em minha direção.- É, estava! Por que você a pegou? - eu pergunto - Estava procurando alguma coisa para você?Ele estava lindo, usando um Hugo Boss e gravata preta. Eu parei por um segundo e suspirei. Nunca me acostumaria com o fato de que um ser tão incrivelmente lindo fosse meu.- Não, peguei pra evitar que você usasse outra coisa. - ele ri e eu não entendo. Coloca a caixa na beirada da cama e tira do bolso do blazer um embrulho delicado de uma joalheria conhecida na cidade. - Comprei para você, meu amor.Eu pego o embrulho meio incerta e o abro. Eram maravilhosos! Sei que sorri de orelha a orelha, pois ele sorriu também.- Espero que goste.- Gostar? Eu amei! - me jogo em seus braços, beijando seu rosto e depois sua boca. - Me ajuda a coloca-los.Ele se posiciona atrás de mim e abotoa o colar, depois me ajuda com os brincos e a pulseira. Coloca o anel em meu dedo e beija minha mão.Me viro em sua direção, dando uma voltinha para ele me ver.- Uau - ele balança a cabeça e abre as mãos, sem palavras - Você está...magnifica. Eu nunca vou me cansar de te olhar.- Você está maravilhoso também! - eu fico na pontinha dos pés e beijo seu nariz, como uma criança - Vou te desfilar pra todos os amigos da família.-Boba. Só não entendi uma coisa, amor. Se era só uma festa de família, por que seu pai mandou nos entregar essas roupas aqui em casa? São muito chiques para uma festa informal, não? - ele arqueou uma sobrancelha,sorrindo maliciosamente.- Não me peça para explicar as maluquices do meu pai, Petrus. Mas fica calmo, não vai ser nada demais.- Ok, lá vamos nós então.[...]Petrus parou a X6 Branca em frente á mansão de papai. Deu a volta no carro, abrindo a porta para mim e me ajudando a descer, como um legitimo cavalheiro. Subimos as escadas de mãos dadas, observando os holofotes que subiam até o céu. Havia vários jogos de luzes na entrada e dava pra ouvir o som do piano lá de fora. Em uma coisa meu pai não havia mentido: não havia sinal de qualquer fotógrafo em nenhum lugar.Entramos pelas grandes portas de madeira para enfim termos uma exata noção do que estava acontecendo: várias pessoas andavam pela sala com suas taças de champagne na mão. Garçons muito bem vestidos equilibravam bandejas com canapés e havia uma estação de bebidas no canto esquerdo do salão. Continuamos a tentar entrar entre as pessoas sem entender muito bem o que estava acontecendo e a situação piorou quando todas as pessoas do salão se viraram para nós, batendo palmas, em completo êxtase.No andar de cima, um DJ que ainda estava arrumando seu material sorriu em direção á nós quando Lelo cochichou alguma coisa para ele.- Senhoras e Senhores, dêem as boas vindas ao nosso casal !! Petrus e Anelise, essa festa é de vocês !Petrus me olha sem entender absolutamente nada, mas meu estômago se torce ao ver a faixa que se estendia de um lado ao outro do salão:"FELICIDADES AOS NOIVOS"Meu Deus! Era uma festa de noivado! A minha festa de noivado!- Petrus... - eu começo a falar, hiperventilando.- Calma, calma... - ele me abana e tenta ao máximo disfarçar para as outras pessoas, depois de também ler a frase- Amor, calma.- Petrus... calma? Ele está noivando a gente! Que direito ele tem disso?- Amor, a gente contorna isso. Ele não está nos casando ainda, calma! - ele sorri pra mim, já entrando no clima - Vamos aproveitar ué! A gente ia fazer isso, de qualquer forma.Oi?Eu não aguento. Ele tinha razão, não tinha? Uma hora íamos fazer isso, de qualquer forma. Eu só não entendia a razão disso, justamente agora. Mas a gente se ama e eu pretendia ficar com ele, então depois de um ataque repentino de pânico, eu caio na risada.Petrus ri também.- Seu pai é louco, mas ás vezes eu gosto dele. - me abraça e me beija, enquanto algumas pessoas em volta nos aplaudem.Seguimos andando pelo salão, em busca do idealizador dessa loucura toda, ouvindo vários parabéns seguidos de apertos de mãos e sorrisos. Perto do bar, vejo Nick. Ele me lança um sorriso triste e levanta a taça em minha direção, brindando sozinho.Petrus também o vê e quase surta.- O que esse cara está fazendo aqui? - ele me olha, com uma incrível raiva nos olhos. - Nem no inferno do meu noivado ele me deixa em paz?- Amor, meu pai deve tê-lo chamado por conta do nosso relacionamento no escritório - eu passo a mão em seu braço, tentando acalma-lo.- Ele é o pior convidado dessa festa. - ele fala em um tom infantil, como se fosse o dono do parquinho e eu começo a rir.Lelo vem em direção á nós e abraça Petrus.- Eu sabia que vocês iam pirar! No começo fui contra papai fazer essa loucura, mas depois de me certificar umas oitenta vezes se Petrus realmente te amava, eu até ajudei maninha. - ele pisca em minha direção e sorri, saindo atrás de uma exuberante loira que passou por nós.-Amor... - eu puxo o seu terno, tentando fazê-lo olhar Lelo correndo atrás da pobre menina. Era uma situação hilária, mas Petrus não me dá atenção.Me viro para olhá-lo e não entendo o por que ele está paralisado. Olho sua expressão completamente pálida e o chamo algumas vezes até ele sair do transe e olhar em minha direção.- Amor, está tudo bem? - passo a mão por seu rosto, tentando encontrar seu olhar - Amor?- Esquece o que eu falei sobre o Nick ser o pior convidado dessa festa.- O que? Do que você está falando Petrus? - me viro na direção a qual ele está olhando.- Tá vendo o cara com quem seu pai tá conversando? - ele aponta e eu vejo um senhor alto, muito bem vestido, de porte altivo e cabelos grisalhos, com um copo de whisky na mão.- Sim, por quê?- Aquele é o Hector, Ane - ele me olha assustado antes de completar - Aquele é meu pai.
