#ANELISE – CAPÍTULO 35
09/07/2018
Acordei e vi que o lado de Petrus na cama nem havia sido mexido. "Ele não dormiu aqui?" minha cabeça pensa instintivamente, mas eu me obrigo a empurrar essa dúvida pra longe de mim. Eu preciso entender que o que ele faz não me diz respeito.Olhar pra ele depois do que aconteceu foi difícil, por isso todas as vezes que ele tentou me olhar dentro dos olhos, com uma possível falsa explicação, eu me esquivei.O pior de tudo era saber que eu não tinha um real motivo para estar brava.Ele não era nada meu. Eu não podia virar e exigir explicações, por mais que eu quisesse isso.Decidi que eu deveria encarar essa situação com naturalidade. Eu sabia que era o que viria depois... depois que nosso acordo acabasse e a gente voltasse, era isso que aconteceria.Amar por dois é um suicídio lento e doloroso, e eu já sofri demais nessa vida para me dar ao luxo de ter mais esse drama no meu currículo.Olho no relógio e falta pouco tempo para Nick me pegar, então me obrigo a levantar da cama e ir tomar um banho. Eu nunca me acostumaria com essa vida de acordar cedo, nunca.Pego minha bolsa e vou em direção á sala, já vestida com minha saia lápis preta e uma blusa social creme, que eu amo tanto. Prendi o cabelo em um coque e me maquiei discretamente. A TV estava ligada em volume baixinho e ouvi um barulho na cozinha, então fui em direção á ela. Petrus estava passando um café, vestindo apenas uma calça de moletom preta que pendia em seus quadris. Os pés descalços no chão e as entradas que deixavam os músculos aparentes no quadril me deixaram sem ar.Eu posso falar o que eu quiser, tentar fazer o que eu quiser ou tentar pensar o que eu quiser. Quando ele sorri para mim, meu mundo desaba. Eu preciso de forças nas pernas para me manter em pé.- Você está linda - ele ergue os olhos, me olha de cima em baixo e sorri, sedutoramente - Mais linda do que o normal, se é que isso é possível.O maldito charme dele sempre era um tapa na minha cara.- Obrigada, Petrus. - é a única coisa que consigo dizer. Porque ele precisava mexer tanto assim comigo? - Te disse para não acordar cedo, por que eu ...- Eu não dormi - ele me corta no meio da frase e continua fazendo o que estava sem parar - Eu não consegui.- Porque, aconteceu algo? - eu pergunto preocupada.-Aconteceu - ele se aproxima de mim e sinto seu perfume de leve, cheiro de um banho recém tomado - Você está fingindo que nada aconteceu, e isso tá me matando.- Petrus, eu não sei do que você está falando.- Custa admitir que ficou brava? Magoada, chateada... qualquer coisa. Pelo amor de Deus, você bateu a merda do telefone na minha cara!- Petrus, eu desliguei porque não queria atrapalhar seu serviço, simples assim - eu quase cuspo as palavras - Você queria que eu ficasse brava? Você é inacreditável!Eu estou indignada. Onde ele queria chegar com isso?- Não, eu quero entender o que está acontecendo entre nós Ane. Não dá pra gente fingir que não está acontecendo nada. Eu preciso saber que você se importa.- A única coisa que há entre nós é um maldito acordo, Petrus. E eu me importo com você, se é isso que você quer saber... mas não posso dizer o que você deve fazer da sua vida.Ele coloca a xícara na mesa e vem em minha direção. Por um segundo eu chego a sentir medo, porque naquele momento ele parecia um predador... um animal que chega perto da caça cheio de fome. Vacilo um passo para trás e ele entende o que causou em mim. Acho que para amenizar isso, ele sorri um sorriso de canto encantador enquanto seus olhos azuis brilham em minha direção.- Então quer dizer que se eu chegar perto de você assim - ele se adianta dois passos - você não vai sentir nada?Antes que eu responda, ele continua - Ou se eu te tocar assim, você não vai sentir nada? - ele passa os dedos por meu lábio e eu quase quero morrer.- Petrus ... - ele me enlaça pela cintura e continua aquela tortura.- Ou se eu te abraçar assim, você quer dizer que vai me empurrar? - ele sussurra no meu ouvido.Eu quero responder á altura, mas juro que não consigo.- O que você quer de mim, Petrus? - é a única coisa que eu consigo verbalizar.- De você? O que eu quero de você? - ele se aproxima mais e mais, colando seu corpo ao meu - De você... eu só quero você mesmo.Eu congelei. Como se meu coração parasse de bater por alguns segundos.O que ele disse?- E eu quero inteira - ele me puxa com um braço enquanto com o outro, ele derruba todas as coisas que estão em cima da mesa. Me leva delicadamente até ela enquanto avança sua boca sobre mim, deixando rastros de beijo por todo meu pescoço, rosto e boca. Eu não consigo pensar, eu não consigo nem entender o que está acontecendo......eu só consigo retribuir.Enlouquecidamente.Eu quero ele. Eu quero muito ele.Droga, como eu quero.Ele solta meu coque com um dedo e puxa meus cabelos, jogando ele por cima de meus ombros, enquanto desabotoa os primeiros botões da minha blusa.- Eu amo seu cabelo. Você fica maravilhosa quando o solta - ele coloca o rosto entre meus cachos e suspira - e esse cheiro que vem dele... eu amo seu cheiro, Anelise.Como dizer á ele que eu amava muito mais do que partes dele? Como dizer a ele que eu o amava por inteiro?Ele desce as mãos delicadamente por minhas coxas, terminando o movimento em meus pés. Suavemente ele tira meus saltos, um por vez... depois volta a mão, subindo por minhas coxas e apertando levemente.- Eu vou enlouquecer se eu não tiver você, tá me entendendo?Eu desisto de resistir.- Petrus, eu não estou entendendo nada, mas dane-se. Só... não para.Eu enlouqueci, só pode. O que eu estou dizendo?- Eu não vou parar nunca. Você não tá entendendo? Jura Anelise Schmidt ? - eu amava como meu nome desenrolava na língua dele. Era...quente.- Eu estou dizendo que você é a única mulher que eu já desejei de verdade nessa merda de vida. Eu só estou dizendo da forma que eu sei dizer.Ele sobe suas mãos por entre minha saia e seus dedos tocam minha calcinha.Eu sinto como se meu corpo quebrasse em mil pedacinhos e ......Nesse momento... meu celular toca.Ah, que merda!- Não atende - ele continua mordendo o lóbulo da minha orelha - hoje você não está pra ninguém, só pra mim.Vejo o celular caído no chão, enquanto vibra. Eu o deixei cair e agora ele tocava incansavelmente. Vejo o nome de Nick na tela e sei que preciso atender. Por um segundo penso em obedece-lo como uma submissa, mas eu lembro do quanto ele me magoou noite passada e o empurro gentilmente, mesmo querendo me socar por fazer isso.- Petrus, eu preciso atender...-Não precisa não - ele tenta me segurar, mas eu digo algo que faz ele mudar rapidamente sua atitude.- é o Nick, preciso atender.Ele me solta na hora e eu sinto o frio da sua distância.- Quem esse maldito Nick que eu já odeio pensa que é?Ignoro esse comentário enquanto ele se distancia arrumando o cabelo. Sinto seus músculos contraídos e seu olhar mudou completamente.Ele está muito bravo.- Oi Nick - atendo tentando fingir que meu coração não está na garganta - Claro, me desculpe. Eu me atrasei. Já estou saindo.Desligo o celular e saio em busca do meu sapato.- Você não vai com esse cara, vai?-Petrus, ele trabalha comigo! É só uma carona.- Eu posso te levar. Eu posso te levar e te esperar lá na frente o dia inteiro se você quiser.- Petrus, ele já está aqui! Você enlouqueceu?- Eu vou matar esse infeliz.- Você nem tem motivos para isso.- Ele está me afastando de você...eu já ouvi esse nome umas 15 vezes em dois dias.- Eu não estou dormindo com ele Petrus! Nem todo mundo resolve as coisas assim - eu olho diretamente nos olhos dele e sei que o atingi. Ele sabe que eu me referia ao que ele fez na noite passada. Se ele queria uma reação, pronto:eu dei uma reação á ele. - Agora eu preciso ir, pois estou atrasada e eu não devo explicações á você nem á ninguém.- Anelise... nossa conversa ainda não acabou.- A gente não estava conversando, você sabe.- Que seja, ainda não acabou. Tá me ouvindo? - ele praticamente grita e no fundo eu me sinto orgulhosa. Eu havia deixado o Deus grego, o dono de metade da beleza mundial na mão.Quem mandou ir atrás de outra?Pego minha bolsa, jogo-a sobre os ombros e saio batendo a porta enquanto ele xinga alto.No outro lado da calçada um sorridente e bem vestido Nick me esperava dentro do carro.
